Lucas Carioli
A Pierer Mobility AG, empresa controladora da KTM, Husqvarna e GasGas anunciou ontem (3) a aquisição de 25,1% da MV Agusta. As partes já trabalham juntas na distribuição de motocicletas na América do Norte.
Em seu curto comunicado à imprensa, as duas empresas divulgaram poucos detalhes sobre sua aliança estratégica, mas parece que a entrada do executivo Stefan Pierer vem com uma salvação de capital para manter a MV Agusta em alta, coisa que o atual CEO, Timur Sardarov não estava conseguindo.
Sardarov e sua empresa, Ocean Group International (OGI) comprou a MV Agusta a beira da falência em 2016. Apaixonado pelas máquinas italianas, o russo investiu com grande entusiasmo nos seis anos seguintes levantando moral e economicamente a marca de Varese.
Mas em fevereiro de 2022 aconteceu algo inesperado: uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia. De lá para cá, o mundo ocidental se virou contra os russos através de embargos e sanções econômicas, o que obviamente atinge Sardarov direta ou indiretamente.
Desde que Vladimir Putin resolveu invadir a Ucrânia, a maioria das multinacionais ocidentais deixaram a Rússia. O país foi retirado do sistema bancário internacional, a União Europeia restringiu a importação de motos (e outros produtos) para lá e os oligarcas têm sido investigados.
O comunicado de imprensa naturalmente não cita nenhuma dessas consequências, mas explica que a Pierer Mobility assumirá a cadeia de suprimentos e compras da MV Agusta, e que a KTM cuidará de sua distribuição em alguns mercados não identificados – como o que já foi anunciado nos EUA.
Antes disso, no entanto, Stefan Pierer já demonstrava interesse em adquirir uma marca de motos italiana. Sua primeira tentativa foi a Ducati, quando o Grupo Volkswagen pareceu ter interesse em vendê-la em 2018. A segunda era a MV Agusta, que parecia bem sólida àquela altura.
O objetivo de Pierer era ter acesso a um portfólio de motos de origem europeia com motores de três e quatro cilindros, o que não podia ser atingido com a KTM, Husqvarna e GasGas. A compra de 25% da MV Agusta não permite a posse completa disso, mas pode ser o primeiro passo.
