A Bosch divulgou essa semana o lançamento de um novo tipo de combustível, com origem sintética e baixíssimos níveis de emissões de poluentes. A criação pode salvar a existência dos motores à combustão, já com prazo de validade na Europa.
Em seu processo de fabricação, o novo combustível utiliza o hidrogênio da água e o carbono do dióxido de carbono (que flutua no ar) para formar as cadeias de hidrocarbonetos necessárias para produzir gasolina, diesel ou até outros derivados, como um eventual substituto do gás natural.
Como o processo usa eletricidade a partir de fontes renováveis, o ciclo de uso geral do combustível torna-se neutro em carbono, pois o dióxido de carbono produzido durante a combustão é menor que o dióxido de carbono usado para fabricar o combustível. O resultado são 2,8 gigatoneladas a menos de CO2 lançadas na atmosfera, ou o equivalente às emissões anuais da Alemanha… multiplicadas por três!
Nem tudo ainda está resolvido, no entanto. A eletricidade gerada ainda é um problema, já que quantidades maciças de energia são necessárias para fazer a química acontecer. Contudo, quando unidas a fontes limpas e renováveis, a produção de combustível sintético torna-se bastante viável tanto pelo ponto de vista dos custos quanto de emissões.
A criação da Bosch surge em um importante momento da história, onde as fabricantes veem-se cada vez mais pressionadas pelos governos mundiais a abdicarem de utilizar combustíveis fósseis. Alguns países da Europa, como França e Dinamarca já determinaram que a produção de carros à combustão cesse até 2040.
A solução mais cotada tem sido os veículos elétricos. Entretanto, esse tipo de tecnologia – embora em franca evolução – ainda é muito limitada, não apenas em termos ecológicos (baterias utilizam lítio), mas principalmente práticos, já que necessitam de uma substituição completa (para não falar em adaptação) na rede de postos e serviços.
Vale lembrar que além de carros e motos, muitos outros veículos de diferentes naturezas (como caminhões, aviões e navios) ainda continuarão a usar combustíveis fósseis por muito mais tempo, na maioria das vezes, com índices de emissões até maiores.
O conceito dos combustíveis sintéticos não é novo e, até o momento, seu custo/benefício não se igualou aos do petróleo. Situação que deve começara a mudar agora, já que o projeto tem o apoio do governo alemão – e é de longo prazo. De acordo com a Bosch, seu preço final pode variar entre 1 e 1,40 euros por litro, sem impostos.