A Harley-Davidson divulgou o seu balanço comercial de vendas em 2021. A marca de Milwaukee vendeu 8% mais motos do que em 2020. Parece bom, mas ainda está muito abaixo dos números de 2019 e antes.
Foram 194.300 unidades vendidas em 2021 contra 180.248 no pandêmico 2020, ano marcado por muitos bloqueios em fábricas e pontos de venda, além de uma profunda mudança estrutural na Harley-Davidson, com a chegada do novo CEO, Jochen Zeitz e um novo plano estratégico, o Hardwire.
Mas, como sempre dizemos, a comparação mais justa tem que ser feita com 2019. Nesse ano, o último antes da pandemia mudar a vida de todos, a Harley-Davidson entregou 218.273 motocicletas globalmente, o que significa que os números de 2021 ainda são -10.9% inferiores.
A comparação fica ainda pior com 2015, o último ano em que a marca norte-americana apresentou crescimento: aquele balanço comercial relatou a entrega de 264.627 Harleys. Os números de 2021, portanto, são -26,5% inferiores. Foram 262.221 unidades entregues em 2016, 242.788 em 2017 e 228.051 em 2018.
Parece terrível, mas não é bem assim. 2019 já estava no final de uma curva negativa que atingiu o pico em 2020. Os números do exercício de 2021, por outro lado, apontam apenas em uma direção: para cima. Além disso, em 2015, a Harley era tecnicamente completamente diferente.
Naquele ano, além da popular linha Sportster, os motores Twin Cam (introduzidos em 2000) ainda alimentavam a maioria dos grandes modelos. A antiga família Dyna ainda estava no cargo. Mais motocicletas foram vendidas, porém com tecnologia antiga. Nada de novo era esperado, mas o downswing já havia começado.
Em 2021, a Harley-Davidson é praticamente outra empresa. Agora, a Pan America 1250 e Sportster S vem com novos chassis e motores, o Revolution Max. O mesmo vale para a Low Rider S e linha CVO, todas equipadas com o propulsor Milwaukee Eight. Isso para não mencionar a elétrica LiveWire.
Em 2021, a Harley gerou um lucro total de US$ 4,5 bilhões, entre motocicletas, acessórios, peças, mercadorias, licenças e itens diversos. Em 2015, foram US$ 5,3 bilhões, apenas 16% a mais do que em 2021. Então, embora eles estejam vendendo 26,5% a menos de motocicletas, recebem apenas 16% a menos. Uma olhada na margem esclarece as coisas.
Em 2021, eles relatam um lucro com as motocicletas de US$ 409 milhões, o que corresponde a uma margem de 9% (nove centavos para cada dólar que ganha). Em 2015, o lucro foi de 875 milhões com um retorno de 16,5%. Agora contudo, a linha está mais enxuta e eles ainda estão arcando com os altos custos de uma geração completamente nova em meio à pandemia. Dessa forma, os números de 2021 realmente não são ruins.
“A Harley-Davidson entregou um forte final de ano, no qual vimos pontos de prova em todos os elementos de nossa Estratégia Hardwire“, disse o presidente e CEO Jochen Zeitz, em um comunicado à imprensa. “Olhando para o futuro, estamos totalmente comprometidos em alcançar nossa estratégia Hardwire de longo prazo, como a marca e empresa de motocicletas mais desejadas do mundo”.
Bons sinais para a Harley-Davidson. A empresa está crescendo significativamente em comparação com o catastrófico ano de 2020, mas ainda precisa recuperar o atraso em comparação com os anos anteriores. Os executivos em Milwaukee certamente tem motivos para comemorar, mas ainda tem muito trabalho a fazer.