Além de ter revelado seu novo plano estratégico nos últimos dias, a Harley-Davidson também teve que apresentar os resultados comerciais do pandêmico ano de 2020. A marca norte-americana decaiu outros 17% globalmente, 38,6% só na América Latina.
Foram 180.248 motocicletas vendidas em 2020 contra 218.273 em 2019, uma redução de exatos 17,4%. A América Latina, que nos últimos anos havia segurado as pontas da empresa, foi a região que teve a queda mais brusca: de 9.768 unidades comercializadas em 2019 para apenas 5.995 em 2020. No último trimestre do ano, a queda foi ainda mais avassaladora: -50.9%
Nos Estados Unidos, onde as vendas da Harley-Davidson ainda representam 57% de sua fatia total, a queda foi igualmente significativa: 22.310 motocicletas a menos, o equivalente a 17,7%. Números parecidos foram vistos na Europa e Oriente Médio (EMEA) (-16,3%) enquanto a Ásia sofreu menos (-7,8%).
É claro que boa parte desses dados tem uma explicação primária: Coronavírus. A análise pode ser melhor explicada pela resposta de cada país à pandemia. A ação rápida e dura no Oriente valeu a pena no longo prazo, enquanto a confusão vista no ocidente, especialmente na América Latina teve resultados desastrosos.
Mas muito antes de a palavra “pandemia” entrar para o nosso dicionário diário, a Harley-Davidson já vinha perdendo vendas a uma taxa vertiginosa. O leitor mais assíduo certamente se lembra dos relatórios de 2018 e 2017, o que significa que, ao contrário de outras marcas, o buraco da montadora de Milwaukee é muito mais embaixo.
O comodismo de décadas, o envelhecimento do seu público, o timing errado de seu plano expansionista anterior (More Roads), a resposta indiferente com a elétrica LiveWire também foram responsáveis pelas as luzes no quartel general da marca ficarem acesas até tarde da noite em março de 2020, justamente no momento em que o resto do mundo vivia o que parecia ser um apocalipse pandêmico.
É claro que muita coisa já mudou de lá para cá. O CEO anterior, Matt Levatich foi demitido dando lugar à Jochen Zeitz, que tem no currículo a reputação de ter levantado marcas tão diferentes quanto Puma e Colgate. O alemão imediatamente estabeleceu um plano de contingência (The Rewire) e outro de longo prazo (The Hardwire).
Foi estabelecida a saída de 39 países, o fim de diversos modelos, o redirecionamento dos esforços elétricos para outra marca e a concentração dos esforços no que eles fazem de melhor: custons grandes e pesadas, o que certamente satisfaz o seu cliente principal. Mas eles afirmam que ainda seguem comprometidos a atrair um público mais jovem.
Quarto trimestre de 2020 | Ano completo | |||||
2020 | 2019 | Variação | 2020 | 2019 | Variação | |
EUA | 17.274 | 20.204 | -14,5% | 103.650 | 125.960 | -17,7% |
EMEA | 7.028 | 7.187 | -2,2% | 36.906 | 44.086 | -16,3% |
Ásia/Oriente | 6.949 | 7.691 | -9,6% | 27.220 | 29.513 | -7,8% |
América Latina | 1.235 | 2.513 | -50,9% | 5.995 | 9.768 | -38,6% |
Canadá | 809 | 1.159 | -30,2% | 6.477 | 8.946 | -27,6% |
Total Internacional | 16.021 | 18.550 | -13,6% | 76.598 | 92.313 | -17% |
Total Global | 33.295 | 38.754 | -14,1% | 180.248 | 218.273 | -17,4% |