A Ducati Panigale V4 reacendeu o interesse do público por modelos com motores de quatro cilindros em V. Mas, várias motos já foram lançadas assim antes, inclusive pela própria marca. Vejamos aqui algumas delas.
10 – Ducati Desmosedici RR (2008)
Comecemos pela mais óbvia delas, a Desmosedici RR. Em 2007, a Ducati vivia o seu melhor momento de sua história na MotoGP. Casey Stoner fez Valentino Rossi comer poeira e, ao final do ano venceu o campeonato com folga, o único título da marca italiana até 2022.
Como era de se esperar, a Ducati quis capitalizar em cima desse bom momento e criou a Desmosedici RR, uma superbike totalmente inspirada na Desmosedici GP7 pilotada por Stoner nas pistas. O motor era um V4 de 989cm³ inclinados à 90º capaz de oferecer 200 cv de potência, um assombro para a época. O quadro era em fibra de carbono e a balança de alumínio.
Com rodas de magnésio, a Desmosedici RR (de Racing Replica) era a primeira motocicleta de série a obtê-la. Pelo salgado preço de R$ 270 mil, o comprador ainda levava um kit de competição que incluía um escapamento mais picante e recursos eletrônicos extras. Uma delas chegou a dar às caras no Salão de Motos de São Paulo.
09 – Matchless Silver Hawk (1931)
Muito antes de sonharmos com motos esportivas, a inglesa Matchless já fabricava uma superbike. A Silver Hawk foi apresentada no Salão de Londres de 1930 e possuía motor de 592 cm³ com 4 cilindros em V inclinados à apenas 18º. Era capaz de produzir bons 30 cv de potência e impulsionar o corajoso motociclista da época a mais de 130 km/h.
O câmbio de quatro marchas era acionado através de uma alavanca no lado direito do tanque, como em um carro. O quadro também era bastante avançado, em formato de flecha e com um sistema de suspensão traseira diferente de suas contemporâneas: dois amortecedores mecânicos de fricção com molas no centro do chassi, reguláveis pelo proprietário.
A Silver Hawk teve vida relativamente curta no mercado, tendo a sua produção encerrada em 1935. Mesmo assim, foi mais longe do que sua rival, Brough Superior Austin Four, que também ostentava um violento V4 (de 797cm³), mas que durou apenas dois anos (1932-1934).
08 – Honda GL1000 Gold Wing (1975)
Hoje nem parece, mas a primeira Honda Gold Wing não possuía motor de seis cilindros em linha e sim um portentoso quatro cilindros em V bem inclinados longitudinalmente (na verdade, um boxer de quatro cilindros). Naquele ano inicial, a motocicleta era uma sport-touring convencional e o propulsor de 999cc oferecia 82 cv à 7.500 rpm com um torque de 85NM a 5.500 rotações.
A partir do ano seguinte, a Gold Wing começaria a sua trajetória de sucesso pelo mundo, acumulando peso, tamanho e potência. No entanto, o motor (que cresceu para 1.100cc em 1979 e 1.200cc em 1983) permaneceu flat four até 1987, quando foi introduzida a revolucionária GL 1500, com seu liso seis cilindros contrapostos. O resto da história, vocês conhecem.
07 – Honda VFR1200F (2008)
A Honda é uma das marcas que mais gosta de motores V4, como você ainda vai notar. Além de considerar a configuração ideal para esportividade máxima (como na MotoGP), a marca da asa aposta nessa engenharia quando o objetivo é viajar rápido, como no caso da VFR1200F, que chegou a vir ao Brasil como importada.
Herdeira de uma longa tradição, a VFR1200F atual (que significa Very Friendly Riding) foi lançada no Salão de Colônia de 2008 e oferecia um desbunde de tecnologia para época. O ponto alto é a transmissão com dupla embreagem (DCT), hoje disponível também na NC750X, África Twin, X-ADV e outras.
Com 1.237 cm³, o V4 possui angulação de 76º, quatro válvulas por cilindro e acelerador ride-by-wire, sendo capaz de oferecer 172 cv de potência a 10.000 rpm, com um torque de 114.81 NM à 8.750 rotações. A balança traseira é monobraço e os freios, com 320 mm na dianteira, são de competição.
06 – Aprilia RSV4 (2008)
Hoje podemos dizer que os brasileiros conhecem várias marcas e muitos tipos de moto. Já faz alguns anos que – felizmente – as montadoras vieram em peso ao país. No entanto, existe uma máquina que quase ninguém aqui conhece ou pôs suas mãos em uma. Estamos falando, é claro, da espetacular Aprilia RSV4.
Apresentada na Itália em fevereiro de 2008, a RSV4 possui um poderoso engenho de 999cc e 4 cilindros em V inclinados à 65º, capaz de gerar mais de 200 cv de potência ao piloto que a possuir. A sua eficiência foi comprovada na pista, já que venceu o título do WorldSBK em 2010, 2012 e 2014.
A Aprilia também participa da MotoGP, um motivo a mais para deixar a RSV4 ainda mais nervosa. Uma das mais quentes é a RSV4 Factory, edição limitada que inclui até asas em suas carenagens. Um verdadeiro míssil que não deve em nada a própria Panigale V4.
05 – Yamaha V-Max (1985)
A Yamaha também já se aventurou pelos caminhos dos quatro cilindros em V e seu exemplo mais proeminente é, sem dúvida, a V-MAX, uma mistura de custom com dragbike que causou muito furor quando foi lançada em 1985, tanto é que ganhou o título de “moto do ano” pelo Cycle Guide.
A V-Max ostenta um motor V4 de 1.197 cm³, com 70 graus de inclinação, capaz de produzir 200 cv de potência a apenas 9.000 rpm. O torque é de brutais 17 kgf.m. O câmbio tem apenas cinco marchas, detalhe que quase não é notado, já que o seu negócio não são as pistas e sim as ruas.
Outro detalhe interessante é o “V-Boost”, um sistema que abre as borboletas das válvulas no coletor de admissão entre os cilindros a partir de 5.750 rpm. Uma pequena caixa manda um sinal eletrônico à um servo motor que puxa um fio para abrir as borboletas, o que acontece totalmente até os 8.000 rpm. O recurso acrescenta 10% a mais de potência ao motor.
4) Honda VF1000R (1984)
Apresentada na Europa em 1984, a VF1000R era a versão de rua da FWS1000, uma motocicleta de competição desenvolvida para participar da Daytona 200 e do campeonato norte-americano. Nos Estados Unidos, eles ainda fizeram uma versão sport-touring chamada de VF1000F “Interceptor”.
O motor V4 de 998 cm³ possuía cabeçote com duplo comando e quatro válvulas por cilindro, que rendia 115 cv. A suspensão era totalmente ajustável na dianteira e na traseira. Apesar de toda essa tecnologia, a moto era pesada para pilotar e teve vida curta no mercado tendo sido descontinuada em 1987.
03 – Honda NR (1992)
Um verdadeiro mito sobre duas rodas, a Honda NR (de New Racing) foi apresentada com furor em 1992 por possuir quatro cilindros ovais em seu bloco. Uma história curiosa que começou bem antes, quando a marca japonesa tentava alcançar Yamaha e Suzuki no Mundial de Motociclismo.
Resumidamente, o que aconteceu foi que a Honda, quando decidiu retornar ao campeonato queria vencer à sua maneira, ou seja, com motores de quatro tempos. Mas, para superar as dois tempos só seria possível com propulsores com seis ou mais cilindros, proibidos pelo regulamento.
A solução da Honda foi montar um motor de oito cilindros, mas com as câmaras e pistões ligados entre si em formato oval. Na prática eram quatro cilindros, portanto dentro do regulamento. Apenas 300 unidades numeradas foram vendidas.
2) Yamaha RD500 (1984)
Irmã estrangeira e maior da RD350, a RD500 é a versão para as ruas da YZR-500, que competia no Mundial de motociclismo, com Eddie Lawson e outros craques durante os anos 1980. A marca dos diapasões também aproveitou o seu sucesso nas pistas de corrida.
O motor era um quatro cilindros em V, com apenas 499 cm³ e 50 graus de inclinação. A potência girava em torno dos 88 cv, mas como se tratava de um dois tempos, o seu comportamento altamente explosivo em altos giros sugeria mais, muito mais.
Como toda Yamaha esportiva da época, a RD500 vinha acompanhada da válvula “YPVS” (Yamaha Power Valve System), sistema mecânico acionado na janela de escape do cilindro a partir de 5.500 rpm, que aumentava a potência em altos giros.
A RD500 teve vida curta no mercado devido às restrições ambientais. Nos EUA, a motocicleta foi considerada inapta e, embora tenha sido comercializada em diversos países (com alterações na sigla), o modelo foi descontinuado em 1986.
1) Honda RC30 (1988)
A Honda VFR750R (também conhecida por sua sigla técnica RC30) talvez seja a motocicleta de rua com motor V4 mais emblemática de todos os tempos. O modelo foi desenvolvido para a entrada da marca no recém inaugurado WorldSBK e continha tudo o que a tecnologia da época podia oferecer.
O motor era um quatro cilindros em V de 748 cm³, com duplo comando, 16 válvulas e refrigeração líquida, capaz de gerar 120 cv a 11.000 rpm. No chassi, a RC30 tinha componentes das pistas, como bielas de titânio, rodas O.Z, e embreagem deslizante, uma novidade na época.
Campeã do WorldSBK com Fred Merkel em 1988 e 1989, a moto também era uma das motos mais bonitas de seu tempo. Na traseira, a balança monobraço deixava à mostra a chamativa roda branca. Apenas três mil foram produzidas e vendidas a 15 mil dólares.