Vamos falar da sétima arte. Exploramos dez filmes que possuem motocicletas em sua trama e que, de alguma forma, ajudaram a interessar o público no fascinante mundo do motociclismo.
Nos concentramos apenas em listar filmes encenados, evitando os documentários, que merecem um capítulo à parte na próxima vez. Da mesma forma, procuramos fazer uma seleção mais variada, evitando os com assuntos repetidos. Prepare a pipoca!
10 – A Moto Mágica (1985)
Figurinha carimbada na Sessão da Tarde dos anos 80 e 90, a Moto Mágica é daqueles filmes inocentes, mas inspiradores para toda uma geração. Jack (Peter Billingsley) é um garoto de 14 anos que leva uma vida pacata até o dia em que compra uma pequena trilheira (Yamaha YZ80). Depois de levá-la para a casa, descobre que a moto tem vida própria.
Durante o filme, Jack naturalmente faz amizade com a motocicleta, mas precisa lutar para mantê-la, já que a mãe, além de não acreditar em suas “propriedades mágicas” passa por dificuldades financeiras. Além disso, a dupla ainda precisa salvar o simpático vendedor de cachorro-quente local de empresários corruptos.
09 – Harley Davidson e Marlboro Man – Caçada Sem Tréguas (1991)
Nessa produção levemente bizarra e cômica, Harley Davidson (Mickey Rourke) é um motoqueiro e Marlboro Man (Don Johnson) um cowboy (!!), na Los Angeles dos anos 90. Eles ficam sabendo que um velho amigo vai perder o seu bar para um banco se não conseguirem US$ 2,5 milhões de dólares em pouco tempo.
É claro que os dois não vão deixar isso acontecer e para impedir eles tem uma grande “ideia”: assaltar ao carro blindado do banco para conseguir o dinheiro. Feito isso, eles descobrem depois que não tinham roubado dinheiro e sim uma poderosa droga sintética. Logo, eles começam a ser perseguidos pelos traficantes e pelo dono do banco!
Incompreendido na época do lançamento, Caçada Sem Tréguas foi malhado pela crítica especializada, justamente por fazer graça com esses dois icônicos nomes norte-americanos. Mas, pouco a pouco vem sendo redescoberto por um novo público por aquilo que realmente é: uma despretensiosa e divertida aventura.
08 – Quadrophenia (1979)
Baseado em um álbum da banda de rock The Who, Quadrophenia conta a história de Jimmy (Phil Daniels), um adolescente revoltado com seu emprego e com sua família. Ele só fica bem quando se encontra com seus amigos “mods” e com a bela Steph (Leslie Ash).
Os mods existiram de verdade. Eram uma turma de jovens britânicos, que usavam termos sob medida e vagavam pela Londres dos anos 60 em scooters customizadas, com muitos cromados e espelhos. Eles odiavam os “Rockers”, a turma rival com poderosas motos Café Racer e jaquetas de couro.
As duas gangues vivem se enfrentando até que um grande e definitivo confronto é marcado na cidade de Brighton. Entretanto Jimmy, aos poucos, vai se dando conta da falta de sentido das coisas, levando-o a um final inesperado. Hoje o filme é considerado um retrato perfeito da juventude britânica dos anos 60 e em 2004 chegou a ser considerado o 35º melhor filme inglês de todos os tempos.
07 – Asfalto Violento (1973)
Originalmente chamado “Electra Glide In Blue”, em homenagem ao modelo da Harley-Davidson, Asfalto Violento conta a história de um policial rodoviário (Robert Blake) no Arizona, que sonha em subir na carreira e se tornar detetive.
Blake passa o dia perseguindo incautos com sua Harley-Davidson ao lado de um parceiro, até que em um dia se depara com um misterioso caso de suicídio. Após uma breve investigação, ele percebe que há mais nisso e vislumbra a grande chance de ser promovido.
Apesar de a trama não ser exatamente sobre a moto (e sim sobre mentiras e corrupção), há boas cenas de perseguição em Asfalto Violento que mostram o lado policial, menos explorado do que o das gangues, como a maioria dos filmes.
Essa produção canadense ainda não é muito lembrada, mas isso tende a mudar nos próximos anos, porque o filme é muito bom mesmo. Ben Tyler (Joshua Jackson) é um jovem professor que recebe o inesperado diagnóstico de um câncer terminal. Ao invés de tentar tratamento, ele sai em uma viagem de moto (com uma Norton Commando 1973) de dois dias pelo Canadá.
Durante a jornada, repleta de acontecimentos reveladores, Ben começa a questionar o sentido de sua vida. A viagem, que inicialmente deveria durar dois dias, se prolonga para uma semana. Um filme que exemplifica bem o poder da chamada “moto-terapia”, tão falado pelos motociclistas.
05 – Desafiando os Limites (2005)
Desafiando os Limites (The World’s Fastest Indian) é um filme essencial para conhecer como foram importantes as provas de velocidade no deserto de Bonneville, nos Estados Unidos durante os anos 50 e 60.
A película conta a história do conhecido piloto neo-neozelandês Burt Munro (interpretado aqui pelo grandioso Anthony Hopkins), que depois de muito preparar o seu protótipo embarca para Bonneville tentando colocar o seu nome na história o que, de fato conseguiu.
Mas o legal do filme, no entanto, é mostrar o lado humano do motociclismo, revelando como as amizades que Munro faz ao longo do caminho fizeram a diferença em sua vida. Hoje o piloto é nome de corrida na Nova Zelândia e nem precisamos lembrar do quanto a Triumph lucra com o nome “Bonneville” até hoje.
04 – O Selvagem da Motocicleta (1983)
O mesmo clima de gangues e brigas que vemos em outros filmes também está presente em “O Selvagem da Motociclceta”, clássico de Francis Ford Coppola, diretor que também assina obras como “O Poderoso Chefão” e “Apocalipse Now”. Aqui, no entanto, a abordagem é totalmente diferente.
A história gira em torno de Rusty James (Matt Dillon), o líder de uma gangue em Tulsa, nos Estados Unidos, cuja vida se resume a brigar e a namorar Patty (Diane Lane). Abandonado pela mãe e com um pai alcoólatra (Dennis Hopper), Rusty idolatra o irmão motoqueiro (Mickey Rourke), antigo líder que precisou abandonar a cidade após um confronto com a polícia.
Inspirado pelo irmão, Rusty lidera a gangue e apronta altas confusões aguardando pelo retorno do irmão, certo de que quando isso acontecesse, os “dias de glória” voltariam imediatamente. Mas quando enfim retorna, o motoqueiro está muito diferente, o que pega o irmão de surpresa.
03 – Mad Max (1979)
Uma das franquias mais reverenciadas de todos os tempos, Mad Max fez muita gente barbarizar de motocicleta no final dos anos 70. Para quem (ainda) não conhece, a trama é sobre Max (Mel Gibson), um tranquilo policial de uma cidadezinha australiana, onde a polícia parece insuficiente para conter os crimes cada vez mais crescentes.
Em uma perseguição Max acaba matando “Night Rider”, líder e profeta de uma gangue de motociclistas arruaceiros e marginais. Eles então resolvem vingá-lo, invadindo a cidade e cometendo todo o tipo de barbaridade possível até matar sua família e melhor amigo.
Max surta e sai à caça de cada membro da gangue, garantindo-lhes uma morte terrível. Além da violência crua, chamam atenção as raivosas motos que já mereceram até uma matéria especial aqui no Notícias Motociclísticas. Tem Honda CB750F, Kawasaki Z1000 entre outras. É de ficar babando.
02 – Sem Destino (1969)
Easy Rider (que no Brasil ganhou o nome de “Sem Destino”) não apenas foi um dos primeiros filmes a explorar o espírito de liberdade das motocicletas como também foi praticamente o ponto de partida para muitos optarem por viagens em duas rodas, dando origem à centenas de cópias, até hoje.
A película conta a história de Wyatt (Peter Fonda) e Billy (Dennis Hopper), dois traficantes que atravessam os Estados Unidos para entregar uma encomenda em Los Angeles. Entretanto, a viagem é marcada por muitas confusões com os desconfiados e conservadores moradores do sul do país.
Um dos poucos a ajudá-los é o advogado bêbado George Hanson (Jack Nicholson) que decide seguir viagem com eles até ser morto pelos caipiras locais. Não vamos contar o final, mas podemos adiantar que é revoltante. Não seria exagero dizer que Sem Destino inaugurou todo um modo de vida. Abaixo você vai entender porquê o filme não ter ficado em primeiro.
01 – O Selvagem (1953)
Você deve ter lido a resenha de todos os filmes citados acima né? Pois saiba que todos eles possuem alguma coisa apresentada em The Wild One, que ganhou o título de “O Selvagem” no Brasil. Sem dúvida, o pioneiro dos filmes sobre a cultura motociclística.
A história gira em torno das aventuras de Johnny Strabler, o líder de uma gangue chamada “Black Rebel Motorcycle Club”, em uma pequena cidadezinha americana. Incontroláveis, eles logo entram em confronto com a polícia e a população local, causando o maior alvoroço, é claro.
Hoje, essa fórmula é extremamente batida, mas era revolucionária nos anos 50. Absolutamente tudo nesse filme marcou época e foi copiado a exaustão, inclusive por Sem Destino. Marlon Brando se tornou uma lenda, sua moto (uma Triumph Thunderbird 6T) virou um ícone e até a gangue virou nome de banda.
O estilo de Strabler, sempre com um ar rebelde em sua jaqueta de couro teve uma enorme relevância para a contracultura, influenciando desde Elvis Presley, passando pelas Cafe Racer (lembram-se do Quadrophenia?) até o Rock. A própria Harley-Davidson usa e abusa desses conceitos em suas campanhas publicitárias até hoje. Se você quer saber como tudo começou, esse é o “genesis”!