A iminente falência da Norton pode ter nos pego de surpresa, mas não muitas pessoas que já estavam envolvidas com a lendária marca britânica de 122 anos. Os problemas são muito mais profundos e antigos do que parecia.
Os problemas financeiros da Norton começaram a ficar públicos no mês passado, quando representantes da marca compareceram a um tribunal em Londres para contestar uma dívida de R$ 1,5 milhão em impostos não pagos ao fisco inglês.
Na ocasião, o CEO da marca, Stuart Garner disse que tudo não passava de um mal entendido e que a quantia a ser paga seria resolvida nos próximos meses. No entanto, em fevereiro o governo britânico colocou a marca sob administração.
Agora, o jornal britânico The Guardian foi mais a fundo nos problemas da Norton. O popular tabloide descobriu que 228 investidores já estavam atrás de Garner depois de investirem seus fundos de aposentadoria em planos de pensão da marca entre 2012 e 2013.
O dinheiro permaneceu retido por cinco anos controlado por Simon Colfer, um vigarista condenado, que recebeu uma sentença de prisão suspensa em 2018 por se apresentar sob um nome falso, ocultar uma condenação anterior e não declarar falência. Garner também afirma ser “uma vítima” de Colfer.
Os planos de pensão pagaram taxas a uma empresa chamada “T12 Administration”, que registrava-os na HMRC (a receita federal britânica) e executava sua administração. Dois de seus diretores foram condenados por fraudes tributárias em 2013, quando desviaram mais de R$ 28 milhões em descontos de impostos de contribuições fictícias para pensões.
Em um comunicado, Garner disse: “Estou arrasado com os eventos nas últimas 24 horas e pessoalmente perdi tudo. No entanto, meus pensamentos estão com a equipe Norton e todos os envolvidos, desde clientes, fornecedores e acionistas neste momento verdadeiramente difícil“, admitiu.
“Agora estamos trabalhando de forma positiva e proativa com a BDO [a administração nomeada pelo governo] para garantir que a Norton tenha a melhor chance possível de encontrar um comprador“, explica. “Tornou-se cada vez mais difícil fabricar no Reino Unido, com uma carga tributária crescente e incertezas sobre o Brexit que afetam muitas coisas, como tarifas, exportações e disponibilidade de financiamento“.