Ao se consagrar tricampeão mundial hoje (8) em Valência, Jorge Lorenzo entrou no seleto clube de pilotos que conquistaram três títulos na principal da categoria do motociclismo, um clube que só tinha Kenny Roberts e Wayne Rainey.
Roberts irrompeu a cena do motociclismo quando começou a competir no campeonato mundial em meados da década de 70. Com um estilo oriundo das pistas de dirt track ovais dos Estados Unidos (hoje uma referência) o norte-americano conquistou seus três títulos em sequência, 1978, 1979 e 1980.
Além de exercer um extremo domínio sobre uma motocicleta, Roberts foi o primeiro a atingir altas inclinações nas pistas, raspando a joelheira no asfalto, algo impensável até então. Também foi o primeiro a ser campeão pela Yamaha, com as cores amarela, branca e preta, pintura hoje clássica chamada de ‘speed block’.
Suas 24 vitórias, 44 pódios e 22 poles foram uma fonte de inspiração para uma legião de novos pilotos, principalmente norte-americanos, que dominariam a MotoGP na década de 80 e 90. Um desses pilotos foi Wayne Rainey.
Protegido de Roberts, Rainey surgiu para o mundo da MotoGP em 1988, quando disputou seu primeiro GP nas 500cc, em Suzuka no Japão. O norte-americano quase venceu na estreia, sendo superado após uma incrível batalha por outra lenda: Kevin Schwantz.
Rainey teve uma carreira breve, mas muito vitoriosa. Foram 24 vitórias, 65 pódios e 16 poles em apenas cinco anos nas 500cc, também conquistando três títulos em sequência: 1990, 1991 e 1992 pela Yamaha, chefiada por Roberts. Sua história nas pistas foi brutalmente interrompida em 1993 após um acidente em Misano (Itália) que o deixou paralisado da cintura para baixo.
Com Lorenzo a história foi diferente. Oriundo do fortíssimo campeonato espanhol de motociclismo, o piloto de 28 anos aterrissou no campeonato mundial em 2002 pela então 125cc (hoje Moto3). Embora sempre tenha tido bons resultados nessa classe, nunca seria campeão.
Lorenzo se achou muito melhor nas 250cc (hoje Moto2). Competindo pelo forte time da Aprilia, o espanhol venceu o campeonato em 2006 e 2007, este último já com um pré-acordo com a Yamaha para o ano seguinte. A marca dos diapasões achava que iria perder seu principal piloto, Valentino Rossi para a F1 e tratou de buscar um substituto.
O piloto chegou na MotoGP em 2008 e antes mesmo de sua primeira corrida, dizia que seu objetivo era destronar Rossi. Os dois iniciaram imediatamente uma inimizade, que durou até o italiano se machucar seriamente em Misano 2010, perdendo várias etapas. Naquele ano, com 9 vitórias, conquista seu primeiro título.
O bi veio após seis vitórias em 2012, uma temporada marcada por uma batalha com Casey Stoner e Dani Pedrosa. O australiano também fraturou o tornozelo em Indianápolis, deixando os dois espanhóis duelando pelo título até o GP da Austrália, em Phillip Island.