O circo da MotoGP está em Sepang para o GP da Malásia, que pode se tornar a última (e decisiva) etapa de 2024. Com as inundações na Espanha, o GP de Valência está seriamente ameaçado. Eis aqui as opiniões dos pilotos e os circuitos alternativos.
Jorge Martin (Pramac Ducati) lidera o campeonato com 17 pontos de vantagem para Pecco Bagnaia (Ducati). O espanhol, que está de saída da fabricante italiana disse que realmente encara o GP da Malásia com uma final de campeonato, mas de uma forma muito mais serena.
“No ano passado eu estava tenso, nervoso e tive dificuldade em lidar com a situação. Ficou então claro que perder um possível título não é o fim do mundo. Como você pode ver, ainda estou aqui”, sorriu Martin. “Desta vez sinto a pressão de novo, mas aguento melhor. Estou mais maduro e tenho consciência de que posso perder o título. Mas eu também posso vencer. Tenho confiança no trabalho que desenvolvemos e lutarei com todas as forças do meu ser até ao fim.”
“A situação [em Valência] é muito difícil – para as pessoas de lá, mas também para nós. Só por respeito aos afetados, seria questionável levar a final à Valência como planejado, para não mencionar os problemas logísticos e a questão de saber se as massas de espectadores nas instalações danificadas estariam seguras”, disse Martin. “Provavelmente é melhor mudar para outro local. Tenho plena confiança de que a Dorna encontrará uma solução.”
Pecco Bagnaia, é claro, é o maior interessado na manutenção da última etapa, mas em outro local. O italiano concorda com Martin de que seria melhor evitar Valência por uma questão de respeito (já são mais de 90 mortos nas enchentes).
“Para mim, o ponto mais importante é o lado ético. Sejamos honestos, a final em Valência é uma grande festa, um momento de diversão e alegria para todos. Para mim, isso não se enquadra na situação atual lá. Isto também é uma questão de respeito. Todos vivemos sob o mesmo céu e do meu ponto de vista não seria certo correr lá. Se a decisão fosse minha, preferiria que não”, disse Bagnaia.
“Mas a decisão não é minha. Tenho a certeza que a Dorna, como organizadora, tomará a decisão certa. Mas também acho que existem várias opções nesta situação. Não quero dizer nada sobre isso no momento, é muito cedo e não é da minha conta“, insistiu Bangia, sem perder senso de humor: “Assen, seria uma boa ideia!”
Marc Márquez (Gresini Ducati) também deu seu ponto de vista: “A questão de uma corrida em Valência é completamente sem sentido nestas circunstâncias. Para mim seria errado falar sobre isso quando as pessoas estão sem casa, quando perdemos vidas. Todos os recursos que temos no nosso país devem beneficiar estas pessoas. Os eventos – esportivos e outros – ficam completamente em segundo plano.”
Bem, e o que acontece se Valência não puder efetivamente realizar o evento? A Dorna tem um contrato com os organizadores que estabelece um mínimo de 20 etapas por ano. Mas é claro que há uma cláusula de alívio justamente prevendo desastres naturais como esse.
E outros autódromos? Barcelona, Jerez e Aragão já tiveram suas etapas em 2024. Há o antigo circuito de Jarama, bem próximo de Madri, que sediou corridas nos anos 1980 e 1990, mas que provavelmente não atende as exigências se segurança atuais da FIM.
Outra alternativa seria recorrer ao país vizinho, Portugal, que também já sediou sua etapa em 2024, em Portimão, mas tem uma carta na manga: o clássico circuito de Estoril, onde a MotoGP correu pela última vez em 2010, mas ainda recebe eventos do WorldSBK (portanto homologado pela FIM).
Por fim, a alternativa mais fácil, do ponto de vista logístico seria… uma segunda corrida na Malásia, já que todo o equipamento das equipes já se encontra em Sepang. Seria o mesmo do que aconteceu em Misano esse ano, que sediou outra etapa em decorrência do cancelamento do GP da Índia.