Você sabia que Paul Simonon, além de ter sido o baixista da banda de punk rock The Clash, também é um motociclista de longa data e um pintor dos bons? O britânico já realizou uma exposição em Londres e um livro na qual esses dois hobbys se misturam.

Nascido em Londres, no dia 15 de dezembro de 1955, Paul Simonon sempre foi o mais “eclético” membro do The Clash. Enquanto os colegas da efervescente cena Punk londrina procuravam o som mais cru possível, Simonon nunca teve medo de admitir que acrescentava elementos de reagge, jazz e outros estilos em sua música.
Essa mesma versatilidade acontece fora dos palcos. Além de tocar baixo no Gorillaz e no The Good, the Bad & the Queen (bandas que formou após o término do The Clash), Simonon se dedica à pintura e ao motociclismo. Embora não seja um colecionador, o britânico é um admirador de longa data das Café Racers que foram uma febre na Inglaterra, durante os anos 60. É dessa época suas primeiras lembranças.

“Foi em Paddington, onde eu cresci. Os Rockers ficavam acelerando para cima e para baixo em torno do ’59 Club’ com suas motos. Uma vez, um grupo deles começou à assobiar para a minha mãe. Eu perguntei: ‘Quem são eles?’ – como se ela conhecesse. Continuamos andando. Mas algo mexeu comigo. Essas memórias são muito vívidas quando se é uma criança. Esses caras, correndo por ai em jaquetas de couro, como se fossem armaduras…” (Paul Simonon)
As memórias foram fortes o suficiente para que Simonon as impregnasse no The Clash, que ganhou fama internacional na explosão do movimento punk de 1977. Com músicas como “Brand New Cadillac” e “Train In Vain (Stand By Me), a banda era, sem dúvida, uma das mais influenciadas pela cultura dos anos 50 e 60, e muito disso deve-se ao baixista.

As “experiências motociclísticas” se intensificaram após o término da banda em 1986: “quando o grupo acabou, vendi as motos na Inglaterra e rodamos o mundo até parar em El Paso (no Texas)” conta. Na companhia de Steve Jones (guitarrista dos Sex Pistols) os dois compraram duas Harley-Davidson usadas e viajaram como andarilhos até Los Angeles, “como uma grande serpente de couro“, revela orgulhoso.
A paixão pela pintura e pelo motociclismo, frequentemente andam juntas. Várias de suas obras possuem referencias aos rockers. Por isso Simonon já teve sua arte exposta no Instituto de Arte Contemporânea de Londres com o sugestivo título “Wot! No Bike?“.

Além da mostra de arte, Simonon também publicou um livro de mesmo nome. Os detalhes dessa matéria estão no prefácio, escrito por David Lancaster. Hoje, com um estilo de vida menos frenético, Simonon ainda roda por aí em uma Triumph levemente customizada. O que também traz a tona mais doces memórias.
“O engraçado é que quando minha mãe me viu pela primeira vez com uma moto disse: ‘Oh, isso me traz velhas lembranças. O seu pai costumava ter uma moto assim, uma Triumph’. Então descobri que ele havia sido pilotado para o exército no Quênia. É assim que essas memórias saem…”
Simonon também deixou ser fotografado pelo fotógrafo Dave Norvinbike. Agora, um de seus filhos também o acompanha em suas andanças de moto, o que o lembrou de mais uma história curiosa: “um dia, ele me perguntou: ‘pai, eu quero fazer algo que me impulsione a algum lugar’. Respondi: ‘sim, isso se chama motocicleta’”. Paixão é paixão.