Travis Pastrana definitivamente entrou para a história no mês passado, quando realizou o sonho de Evel Knievel e pulou sobre as fontes do Hotel Caesars Palace, em Las Vegas. O mais legal, no entanto, é que a proeza foi realizada com uma Indian Scout FTR750, que tem o mesmo estilo da época. Conheça como ela foi construída aqui.
Concebida para participar do Campeonato Norte-Americano de Flat Track, a Indian Scout FTR750 está muito longe de ser a motocicleta adequada para participar de saltos acrobáticos. Esse detalhe acabou aumentando a expectativa para a apresentação, tal como acontecia com Knievel nos anos 1960 e 1970, já que o diredevil utilizava uma Harley-Davidson XR750.
Para adaptar a FTR750 às necessidades de Pastrana foi convocada a empresa californiana Roland Sands Design, que volta e meia figura em nossas páginas apresentando modelos customizados muito interessantes. “Começamos com uma ótima moto”, ressaltaram. “Então foi realmente apenas uma questão de deixar Travis confortável e acertar a ergonomia“.
Realizar um salto desses com as suspensões originais da Scout FTR750 poderia ser catastrófico. Entretanto, as mudanças não foram tão profundas quanto se imagina. Os garfos originais Öhlins, por exemplo, foram mantidos, apenas recalibrados para uma maior rigidez.
Dessa forma, as bengalas passaram a percorrer apenas 115 mm na frente e 118 mm na traseira, onde um novo amortecedor personalizado Race Tech GS3 foi instalado. “É a configuração mais rígida que já colocamos em uma motocicleta“, disse o especialista Jimmy Wood. O braço oscilante também ganhou um reforço, só para garantir.
Outro detalhe importante que permaneceu inalterado foram os pneus Dunlop DT3s de 19 polegadas. A pressão? Nada de anormal, 28 psi na frente e 32 psi na traseira, abaixo até do que é recomendado pela própria Indian. As rodas, contudo precisaram ser substituídas por outras mais robustas.
As principais modificações se concentraram em volta do “cockpit”. O guidão ProTaper assinado por Pastrana foi montado em conjunto com risers feitos sob medida. “Eles são mais altos e mais para a frente, colocando o guidão em uma posição mais confortável, ergonômica e neutra, para pular em vez de correr“. Os controles dos pés são uma mistura de componentes RSD, com pedaleiras do catálogo ProTaper.
O calor intenso de Las Vegas também era uma preocupação da equipe, que passou um tempo treinando nas temperaturas mais quentes possíveis para prever qualquer eventualidade. Eles colocaram com um refrigerante “sem água” no radiador e adicionaram uma ventoinha de resfriamento elétrica. No final das contas, nem foi preciso tanta preocupação. No dia da apresentação, nuvens deixaram a temperatura ambiente em 20º.
A relação de marchas foi encurtada para que Pastrana pudesse subir de 2º para 3º antes dos saltos. Dessa forma, eles poderiam eliminar qualquer possibilidade de um “falso neutro” entre a 1º e 2º em um momento crítico.
Os freios dianteiros são da marca S & S Cycle. A mesma marca também assina o silenciador na configuração “dois-em-um”. Tanque e rabeta não foram substituídos. Apenas o assento ganhou um toque especial, ao estilo MX pela empresa Saddlemen.
Pastrana também ganhou uma uma indumentária de couro personalizada ao estilo de Knievel, ou seja, branca, com o famoso “V” em azul, com listras vermelhas e estrelas. Cerca de 25 mil pessoas estiveram presentes no evento e viram três saltos: sobre as fontes, sobre 56 carros empilhados e 16 ônibus. Nem ele nem a moto falharam. Knievel certamente ficou orgulhoso.