Uma das evoluções mais notáveis nos últimos anos foi a introdução dos painéis digitais em TFT, que estão aposentando em definitivo os antigos mostradores de LCD. Confira como eles funcionam.
Painéis inteiramente digitais existem em motos há mais de duas décadas, mas foi apenas nos últimos anos que vimos uma real evolução em relação aos antigos displays em LCD convencionais com a introdução da tecnologia TFT (Thin Film Transistor) ou transístor de película fina.
Descoberto ainda nos anos 1950 e desenvolvido pela japonesa Hitachi, os monitores em TFT foram introduzidos primeiramente no mundo da aviação nos anos 1990, a fim de melhorar o ângulo de visão deficiente e a fraca reprodução de cores dos painéis das aeronaves da época.
Seu nome vem de sua principal característica, já que as moléculas de cristal movem-se paralelamente ao plano do painel, ao invés de de perpendicularmente a ele. Essa alteração reduz a quantidade de dispersão de luz na matriz, o que confere ao visor seus amplos ângulos de visão e boa reprodução de cores.
A principal vantagem é o uso de um transistor separado para cada pixel da tela. Como cada transistor é pequeno, a quantidade de carga necessária para controlá-lo também é pequena. Isso permite um redesenho muito rápido da tela.
No painel de LCD (Liquid Crystal Display), os pixels usam propriedades químicas e elétricas para criar uma imagem na tela. Uma carga elétrica faz com que os cristais líquidos alterem a estrutura molecular para permitir que diferentes comprimentos de onda da luz de fundo passem, alterando a exibição que vemos.
A imagem resultante é digital, porém estática e sem muita possibilidade de inovação no design do painel. É por isso que os painéis de LCD não são coloridos e de múltiplos formatos além do pré estabelecido. O que dá para fazer é inverter o negativo, como a Honda faz.
Já o TFT apresenta várias camadas que determinam exatamente a quantidade de luz que passa e as cores criadas. Fltros controlam o fluxo de luz e de cor enquanto um pequeno transistor controla cada pixel. A camada superior abriga a tela visível e a luz de fundo é fornecida por LEDs.
A recepção das informações fica a cargo de um chip gráfico na placa do circuito. Ele leva os dados coletados pela Centralina Eletrônica e determina como cada um dos pixels é utilizado para exibi-los, o que exige outra quantidade impressionante de trabalho do dispositivo.
Para fazer a imagem, primeiramente o chip cria um quadro a partir de linhas retas. Em seguida preenche os pixels restantes e determina a iluminação, a textura e a cor para criar uma única imagem, que é então constantemente desenvolvida e atualizada a 30 quadros por segundo.
Isso significa que qualquer tipo de exibição é possível, em vez de apenas os parâmetros tradicionais da motocicleta. É por isso que já vemos motos com várias opções de visualização disponíveis, até que emulam um antigo painel analógico.
Depois da aviação, o Thin Film Transistor chegou aos carros no final da década de 2000. No motociclismo, o primeiro painel TFT apareceu em 2012 na Ducati Panigale, utilizando o mesmo tipo de tela de alta resolução que manuseamos todos os dias em nossos telefones celulares.
Por enquanto, os painéis em TFT estão disponíveis apenas em modelos premium, mas a sua introdução em motocicletas mais “acessíveis” como a pequena KTM 390 Duke evidencia o quanto a tecnologia está se alastrando rapidamente pela indústria.