Para orientar-se no meio do nada, os pilotos de moto do Rali Dakar não contam com um navegador para dizer-lhes a direção. O seu parceiro é o Road Book, um dispositivo montado sobre o painel, que necessita de muita perícia para ser decifrado em alta velocidade.
O aparato em si é uma curiosa combinação de novo e antiquado, agrupando displays digitais (que apontam o rumo a seguir) e um rolo de papel impresso para que as informações não se percam em caso de pane, por exemplo.
É ali que a rota é mostrada, e os pilotos precisam avançar ou retroceder as indicações através de botões nos punhos, dispostos de acordo com as preferências de cada um. A terminologia e as abreviaturas estão em francês e é preciso muita experiência para ler todos os símbolos com rapidez e precisão.
O piloto precisa prestar atenção nas marcações impressas e combiná-las com o seu hodômetro disposto logo abaixo. Qualquer lugar entre um e três pontos de exclamação vermelhos indica perigo em uma seção, como dunas, pedras, poças de lama e até animais.
Um ponto de exclamação representa um perigo menos sério do que três pontos de exclamação. No entanto, uma caixa vermelha usada em torno dos pontos de exclamação ou de toda a linha do roadbook indica um perigo mais amplo e significativo do qual os pilotos devem estar cientes.
Você pode estar pensando: “é preciso estudar a rota”. Seria o ideal mas, para aumentar o grau de dificuldade, a organização distribui o roadbook apenas pela manhã, antes da largada de cada estágio. É aí que a capacidade de navegação pode definir a vitória.
“Nos primeiros dias não acontece nada, mas a medida em que os dias vão avançando, você sente que o corpo não responde da mesma forma“, disse o piloto espanhol Jonathan Barragán sobre o cansaço físico e mental do Dakar. É por isso que você vê tantos pilotos desorientados no meio do deserto.
Além das dificuldades naturais do percurso, os pilotos de moto e quadriciclo carregam ainda a dificuldade de enfrentar as adversidades sozinhos, tendo que esperar bastante até a chegada de ajuda: “você precisa aprender a pensar a longo prazo para superar“, completa Barragán.
Para explicar em imagens como funciona o Road Book ninguém é mais indicado do que Sam Sunderland, bicampeão do Dakar em 2017 e 2022. No vídeo abaixo, o piloto da GasGas revela ainda mais detalhes de como funcionam os dispositivos na moto.