No importante anúncio que fez na terça-feira (27), a Harley-Davidson confirmou que está de saída do mercado indiano (e de 38 outros) em primeira pessoa, mas firmou uma parceria com a Hero para a distribuição e licenciamento das motos no país. Mas como isso se dará? Entenda aqui.
Com uma queda vertiginosa de vendas desde 2015 (algo que foi acelerado pela pandemia), a Harley-Davidson precisou tomar uma atitude para reverter o quadro antes que fosse tarde demais. Por isso, o novo CEO da marca, Jochen Zeitz estabeleceu um novo plano de contingência chamado “The Rewire”.
Os detalhes do “The Rewire” foram revelados na última terça-feira. A saída de 39 mercados ao redor do globo, inclusive o indiano, considerado um dos maiores produtores de motocicletas da atualidade, na casa dos 20 milhões anuais. As vendas da marca nos últimos anos, no entanto, não estavam justificando o investimento.
Mas os indianos não ficarão sem motos Harley-Davidson. Elas serão importadas e produzidas pela Hero Motor Corporation, uma das três maiores fabricantes de motocicletas e scooters do mundo em termos de volume vendido, com 95 milhões de unidades comercializadas em mais de 40 países, embora seja pouco conhecida no ocidente.
Com esse volume de produção, a Hero provavelmente deve abastecer os países vizinhos menores que também estão se despedindo da Harley-Davidson de forma oficial. A empresa não disse quais países eram esses países, apenas que outros 17 mercados terão que fazer uma “transição para modelos de distribuição mais econômicos”.
Eles também assinaram um acordo de licenciamento que permitirá à Hero desenvolver e vender uma variedade de motocicletas com o nome Harley-Davidson. Poucos detalhes foram revelados, mas os norte-americanos dizem que serão modelos “premium”, embora essa palavra tenha um significado muito diferente no mercado indiano em comparação com as ofertas de alta qualidade nos Estados Unidos.
Alguns afirmam que ficará a cargo da Hero a produção e comercialização das novas motocicletas elétricas que a Harley-Davidson ainda pretende introduzir nos próximos anos. Seria um esquema próximo ao que já é empregado com a BMW e com a KTM (através da Bajaj Auto), com os norte-americanos entrando com o conceito geral e os indianos a mão de obra.
No mesmo anúncio, eles trouxeram boas notícias financeiras. Embora a receita do trimestre tenha caído 8,4% em relação ao ano passado (US$ 1,17 bilhão), a receita líquida aumentou 38,9% (US$ 120 milhões) à medida que as despesas foram reduzidas. O anúncio teve um impacto instantâneo no mercado de ações, com as ações da Harley subindo quase 30%.