O lendário circuito de Spa-Francorchamps, na Bélgica, pode começar a hospedar corridas de motociclismo novamente nos próximos anos. A expectativa é de que o Mundial de Endurance seja o primeiro a sediar uma etapa em 2022, com a MotoGP chegando a partir de 2024.
A possibilidade ganhou força na quinta-feira passada, quando o governo da Valônia anunciou que o circuito tinha recebido um empréstimo de 29,5 milhões de euros da agência de desenvolvimento SOGEPA para melhorar a sua infraestrutura.
Segundo o site belga 7sur7, cerca de € 51 milhões (de um montante de € 80 milhões) estão destinados a trazer de volta as corridas internacionais de motociclismo para a pista, que sedia a Fórmula 1 e corridas de longa duração de carros.
Talvez por isso a primeira categoria que estaria planejada para receber novamente o motociclismo é o Mundial de Endurance da FIM (EWC) a partir de 2022. Se a recepção for boa, não está descartada a volta da MotoGP a partir de 2024.
Recorde de media horária ainda pertence à Spa-Francorchamps
O Mundial de Motovelocidade correu em Spa-Francorchamps 40 vezes, entre 1949 e 1990, com exceção de 1980 (em Zolder) e em 1987 (cancelada por razões de segurança). Entretanto, o circuito belga, conhecido por suas curvas velozes ainda mantém o recorde de média horária, 220,721 km/h estabelecido por Barry Sheene.
Mesmo quando o Campeonato Mundial correu no circuito atual (que tem apenas 7 quilômetros ante os 14 km do traçado anterior) as motos giravam em velocidade bastante alta. Em 1990, em sua última visita à pista, Kevin Schwantz estabeleceu a pole position com uma média horária de mais de 174 km/h.
Passados quase 30 anos, a curiosidade em ver como uma MotoGP atual se comportaria em Spa-Francorchamps é grande. Contudo, há vários entraves para que isso aconteça. Primeiramente, modificações de segurança precisariam ser feitas em curvas lendárias, mas mortíferas em duas rodas, como Eau Rouge, Radillon e Blanchimont, o que nem sempre é possível.
O segundo problema é o clima, extremamente instável. Incrustado entre florestas densas e colinas íngremes na região das Ardenas, chove em média 12 dias por mês em Spa-Francorchamps. Isso torna a realização da etapa em piso molhado uma possibilidade concreta e um risco a mais às categorias, principalmente a iniciante Moto3.
O terceiro problema é a localização. Spa-Francorchamps está a apenas 375 quilômetros (ou três horas e meia) de Assen, na Holanda e a cerca de 600 km de Le Mans (França) e Sachsenring (Alemanha), o que pode iniciar um processo de canibalização entre as etapas do calendário, diminuindo o número de espectadores.
Essa, no entanto, não é a primeira vez que noticiamos um interesse de Spa-Francorchamps pelo motociclismo. Em 2017, o então diretor do circuito, Nathalie Maillet foi até a Espanha negociar com os organizadores da MotoGP sobre a possibilidade de sediar uma etapa. Pelo visto, os planos não foram abandonados.