A suposta saída da Suzuki da MotoGP ao término de 2022 pode ter sido chocante, mas não tanto para quem conhece essa icônica empresa japonesa. Aqui a apresentamos cinco chaves para compreender melhor o que pode tê-los levado a essa tomada de decisão.
A Suzuki convive com problemas financeiros há anos
Quem tem um pouco mais de intimidade com o motociclismo (que não é o de competição) sabe que a Suzuki não esbanja vitalidade financeira desde a grande crise internacional de 2008. A linha de motocicletas é atualizada muito lentamente, não há modelos inovadoras à vista e os designers da marca não ditam as tendências há décadas.
A Suzuki ainda sobrevive bem graças a sua divisão de carros e ao apoio financeiro da Toyota, que suporta 5% da empresa. Há quem acredite, inclusive, que essa participação pode ter causado uma influência. Ainda mais agora, com combustível caro, problemas na cadeia de fornecedores e Guerra na Ucrânia acontecendo.
A Suzuki é uma empresa austera e conservadora
A austeridade é famosa na Suzuki. Historicamente, eles provaram ser uma empresa muito cautelosa na tomada de decisões e austera no dinheiro empregado. Eles levaram, por exemplo, 13 anos para atualizar a GSX-R1340 Hayabusa, um de seus modelos mais icônicos e bem sucedidos de todos os tempos.
Na MotoGP, a mentalidade é semelhante. Se você reparar bem, todo o corpo técnico da equipe é composto basicamente de funcionários italianos e espanhóis. Quando o líder Davide Brivio deixou a equipe de repente no fim de 2020, a Suzuki passou um ano inteiro sem um substituto, apenas porque no Japão nenhuma opção convencia.
Os custos na MotoGP estão crescendo
Apesar da política de contenção de gastos cada vez mais rígida, o fato é que os custos na MotoGP (o pináculo do motociclismo esportivo internacional, lembre-se) continua crescendo. Muito disso deve-se à Ducati com suas invenções, como o holeshot, dispositivos de altura de suspensão, entre outros.
Entre as equipes japonesas, a Suzuki foi a última a adotar um holeshot e também um dispositivo de regulagem de altura traseiro, ainda assim, muito a contragosto. Aparentemente o orçamento de 30 milhões de euros não é mais suficiente e eles não parecem dispostos a despejar ainda mais. Vale lembrar que eles já atingiram os objetivos (foram campeões de pilotos em 2020 com Joan Mir.)
Sucesso em campeonato menos caros
Sabe por que eles não estão dispostos a gastar mais na MotoGP? Porque eles podem atingir os objetivos através de outros meios muito mais baratos utilizando a sua superbike habitual, a GSX-R1000R e não um protótipo único, caro e exclusivo como a GSX-RR. É a mesma lógica de pensamento que levou a Kawasaki a sair do Campeonato Mundial e se concentrar no WorldSBK com muito sucesso.
A Suzuki, por exemplo, ainda participa oficialmente do Mundial de Endurance (EWC) e, em abril, venceu as 24 Horas de Le Mans – em frente à 80 mil espectadores. No Japão, as 8 Horas de Suzuka é um tremendo sucesso há décadas. Eles também foram campeões no MotoAmerica em 2017 proporcionando uma grande visibilidade no lucrativo mercado norte-americano.
Escândalo de emissões na Europa
Há poucos dias foram realizadas buscas nas filiais da Suzuki na Alemanha, Itália e Hungria em conexão com o escândalo do diesel. É isso mesmo: parece que a divisão de carros tem feito uso de dispositivos ilegais que fornecem leituras de emissões fraudulentas para cumprir os regulamentos da União Europeia em veículos a diesel. Algo muito parecido com o escândalo do “Dieselgate” envolvendo a VW em 2015.
Quem se lembra daquele caso sabe que as sanções impostas pelos EUA e União Europeia foram tão pesadas que fizeram o poderoso Grupo Volkswagen ficar de joelhos. Até hoje, estima-se que a corporação já tenha gasto mais de 40 bilhões de euros. O mesmo pode acontecer agora com a Suzuki, então nada mais previsível do que o corte imediato de todas as atividades consideradas supérfluas na qual a MotoGP infelizmente se enquadra.