O chefe da Dorna Sports, Carmelo Ezpeleta comentou sobre a compra de 86% de sua empresa pela Liberty Media, a proprietária da Fórmula 1, oficializada nessa semana. O executivo acha que grandes mudanças acontecerão, mas a essência da MotoGP permanecerá.
Ezpeleta, que lidera o Mundial de Motociclismo desde 1994, foi o convidado especial de um podcast do site italiano GPone, onde respondeu perguntas de especialistas, como Carlo Pernat e dos ouvintes. O espanhol se mostrou otimista com o futuro e tranquilizou os fãs mais antigos de que a MotoGP não vai virar uma Fórmula 1 de duas rodas.
“Não foi a Fórmula 1 que comprou a MotoGP, mas sim a Liberty Media: somos duas empresas distintas e continuaremos assim, só que sob o mesmo guarda-chuva. Todos os campeonatos são importantes e não queremos mudar a forma como fazemos as coisas. A mudança que esperamos é ter a possibilidade de chegar a mais lugares e a mais pessoas. A Liberty é muito especialista nisso“, garantiu.
Isso significa rumar para outros lugares, como os Estados Unidos. Carmelo não nega que provavelmente haverá uma diminuição de etapas na Europa, especialmente na Península Ibérica (Espanha e Portugal), os lares da Dorna e da FIM, de agora em diante.
“Com certeza haverá [mais corridas nos EUA], mas não antes de 2027. Não podemos ter mais de 22 etapas por temporada, embora o público quisesse. As pessoas gostam de ver corridas quinzenalmente ou toda a semana. Todo o tempo que não estamos correndo, estamos perdendo. Mas se tivermos 22 GPs de MotoGP, 24 de F1 e 13 de WorldSBK, é muito difícil não ter concomitâncias. Certamente no futuro não haverá cinco etapas na Península Ibérica“, revelou.
Sendo uma empresa norte-americana, a Liberty Media aproximou a Fórmula 1 do público norte-americano, o que parecia impossível há alguns anos. Espera-se que o mesmo aconteça com a MotoGP, que já tem um passado de sucesso ligado aos EUA, com nomes como Kenny Roberts, Freddie Spencer e Eddie Lawson. Mas Ezpeleta acha que primeiro é preciso fortalecer as categorias de base lá.
“Nos EUA, no passado, o WorldSBK era uma forma de se chegar à MotoGP. Agora, com o MotoAmerica não é o caso, apesar deles terem um campeonato de alto nível“, disse Ezpeleta. “Precisamos pensar nas ligas menores e descobrir como ter séries semelhantes às que temos na Europa e na Ásia. Nos EUA temos alguma dificuldade devido à idade mínima dos pilotos, mas vamos tentar ter mais pilotos americanos.“
Com a entrada da Liberty mirando novos mercados fora da Europa e da Ásia, certamente a América do Sul volta a figurar no planos deles nos próximos anos, o que pode significar o retorno do GP da Argentina e, quem sabe, até no Brasil. A última corrida de MotoGP sediada aqui aconteceu em 2004, no finado autódromo de Jacarepaguá.