O CEO da KTM, Stefan Pierer não acredita que todo o setor de duas rodas vai mudar para motores elétricos nos próximos anos. O austríaco disse que a maioria dos fabricantes vai adaptar os motores a combustão existentes a combustíveis limpos.
Pierer, que também é presidente da ACEM (Associação Europeia de Fabricantes de Motocicletas) e da MSMA (aliança responsável pelos regulamentos técnicos da MotoGP e WorldSBK) deu uma entrevista ao Speedweek onde comenta que os planos da indústria de duas rodas estão bem mais definidos do que de quatro rodas, dividida entre eletricidade, híbridos, hidrogênio, biocombustíveis e combustíveis sintéticos.
“Como presidente da ACEM, posso dizer que, diferentemente da indústria automotiva, temos uma visão global clara de onde estamos indo. Assumimos que com eletricidade de 48 volts até a classe A1, ou seja, 11 quilowatts ou 15 cv, muita coisa se tornará elétrica nos próximos dez anos, especialmente na Europa”, disse Pierer. “Isso se aplica a scooters e ciclomotores. Os motores de dois tempos desaparecerão”, aponta.
Acima de 48 volts, no entanto, a coisa muda: “Tudo a que diz respeito aos veículos motorizados de duas rodas acima de 48 volts [ou 125cc] está indo na direção dos combustíveis limpos. Existem planos de desenvolvimento muito claros entre os fabricantes. E é assim que vemos na MotoGP. No futuro próximo, vamos usar e-combustíveis.” A Categoria Rainha já anunciou que deve utilizar apenas combustível sintético a partir de 2027.
Pierer explica que, com o estágio atual de desenvolvimento, é impossível atingir o mesmo poderio de um motor a combustão: “Para uma MotoGP elétrica completar uma corrida com os 20 litros de combustível de hoje, você precisaria de uma bateria de 500 kg para obter o mesmo desempenho e alcance“. Isso sem falar no apelo do público: “Hoje temos 100.000 espectadores que vêm por causa dos motores de combustão.”
O executivo que gerencia a KTM, Husqvarna e GasGas disse ainda não acreditar no conceito de e-mobilidade: “Isso é um absurdo empurrado por políticos politicamente incultos, um absurdo exagerado. O combustível sintético é a solução, não o acionamento elétrico, porque é isento de CO². Você também deve observar quantas matérias-primas valiosas são necessárias para fabricar um veículo elétrico em comparação com um carro convencional”, relembrou.