O CEO da Ducati, Claudio Domenicali está convencido que Valentino Rossi teria sido competitivo se tivesse uma Desmosedici GP21 na época em que correu pela equipe. O executivo reconhece que a motocicleta que teve na época era muito difícil.
Domenicali, que entrou para a Ducati no início dos anos 1990, deu uma entrevista ao MCN onde realizou uma análise lúcida e precisa do quanto a motocicleta (e a empresa como um todo) mudou nos últimos dez anos, período onde o equilíbrio de forças na MotoGP também mudou bastante.
“Longe vão os dias dos pilotos que jogavam seus capacetes contra a parede ao retornar à garagem“, disse Domenicali. “Entendendo-se que um período de adaptação é sempre necessário, precisamos de uma mente aberta por parte do piloto. Se você descarta imediatamente uma nova solução, corre o risco de jogar fora algo novo porque não está acostumado. Nos custou caro, porque alguns pilotos tinham fortes preconceitos, ambos os lados precisam de vontade de experimentar“, explicou.
Asas, dispositivos de largada, ajustes na altura da suspensão: nos últimos anos, a Ducati se tornou a fabricante mais inventiva da MotoGP. Essa nova mentalidade ainda não havia sido implementada quando Valentino Rossi chegou em 2011. O italiano, vindo de quatro títulos na Yamaha, encontrou uma máquina difícil de controlar, mas Domenicali acredita que o eneacampeão teria se saído muito melhor com uma GP21.
“A Ducati de hoje é muito diferente daqueles dois anos. Acho que Valentino teria sido competitivo com a moto de 2021. Naquela época, a moto havia sido desenvolvida para Casey Stoner e era muito difícil para um piloto acostumado a uma moto mais equilibrada“, reconhece. Rossi deixou a equipe no final de 2012 sem nenhuma vitória, apenas alguns pódios. Mas Domenicali não nutre nenhum sentimento negativo com o eneacampeão.
“Acredito que Valentino Rossi é insubstituível: é um personagem único, que soube sintetizar talento, determinação, resultados e simpatia, e por isso desfrutou de uma longevidade esportiva incrível“, afirma Domenicali. “Hoje, é uma grande empresa e uma marca com a qual os italianos se identificam – não estou falando apenas de esporte, mas também de tecnologia. É um pouco como a Ferrari na Fórmula 1“.