Além de ser piloto comercial, radialista, ator, autor, roteirista, Doutor honorário de música e vocalista do Iron Maiden, Bruce Dickinson também ama motocicletas. Nesse rápido bate-papo o britânico revela pela primeira vez como foi sua (atribulada) relação com as duas rodas.
Dickinson está se preparando para sair em turnê com a banda, que lançou no mês passado um novo álbum de estúdio (The Book Of Souls). Por isso, a revista britânica Motorcycle Newus aproveitou a oportunidade para falar com ele sobre o que mais nos interessa aqui: motocicletas! Confira um trecho abaixo:
MN: Você cresceu ao redor de motos?
Sim, cresci. Meu pai tinha um showroom de carros, e um dia ele apareceu com uma Norton Commando 750, de terno e sem capacete! Ele tinha acabado de tomá-la como parte do pagamento de um carro, e ele colocou-a na sala de exposições, ao lado de uma Triumph Bonneville nova, uma Honda CB400-4, uma Sunbeam S8, e uma Ariel Square Four. Era uma bela e bacana coleção de motos raras que simplesmente estavam expostas. As pessoas perguntavam se estavam à venda, mas meu pai dizia ‘naah, desculpe’, e então conseguia vender a elas um carro!
MN: então você pilotava quando garoto?
Sim, eu meio que ‘fui doutrinado’ em uma Honda 125 de trilhas, mas antes disso tive um Velocette LE200 que meu pai ‘confiscou’ depois de uma batida (risos). Ele me fez consertá-la antes de me deixar pilotar novamente, – ele era mecânico. Ele tinha senso de humor também, e antes disso, quando todos os meus amigos já tinham motos de verdade (como Yamahas FS1-Es) ele me comprou um maldito mobilete! Eu lembro de ter pensado ‘seu bastardo!’ (risos).
Era tão parecida com uma bicicleta que tinha cepos de freio na roda dianteira! Mas eu ainda conseguia atingir 60 mph (cerca de 100 km/h) colina abaixo e também tirei o escapamento para que fizesse um pouco mais de barulho! Depois disso, troquei-a por uma Honda SS50 que era simplesmente terrível.
MN: Boas memórias de uma juventude desperdiçada?
Elas são sim. Eu sempre me lembro do primeiro dia em que ouvi Rainbow (banda de Rock criada pelo guitarrista do Deep Purple, Richie Blackmore), com Ronnie James Dio (vocalista) eu estava ouvindo rádio na garagem de um cara que estava mexendo em uma Triton (Café Racer que combina chassi Triumph com motor Norton) que ele tinha.
Lembro de ter perguntado de quem era aquela incrível voz no rádio, eu tinha só 16 anos e cheio de espinhas! Ele terminou o que estava fazendo e perguntou se eu não queria dar uma volta com ele. Eu acabei topando e acabamos fazendo diversas estripulias na autoestrada. Eu pensei ‘mas que merda, isso foi divertido’. Mas, em seguida eu fui para a universidade e nunca mais tive tempo para motocicletas.
MN: Então você não possui nenhuma agora?
Não, não no momento. Na verdade, eu nem tenho uma licença para rodar no Reino Unido. Eu odiava andar (de carro) e no final acabei passando em um teste de condução em Jersey (ilha no Canal da Mancha), que me deu uma habilitação estranha e quando a converti não me deu qualquer direitos para pilotar motocicletas. Em seguida, eles mudaram todos os regulamentos e acabou se tornando uma chateação, por isso nunca mais consegui a carteira plenamente.
Eu continuo olhando para motos e realmente gostaria de ter uma nova. Eu falo estritamente de algo retro ‘bem-comportado’ para dar umas voltinhas por aí. Eu também amo as motos leves da minha época, como a Ducati 350 Desmo, levinha, maleável e muito divertida. Também mantenho um olho nas novas Royal Enfield, então eu me lembro que elas nunca eram tão boas quando novas!
MN: Você está se envolvendo com o Tourist Trophy (Troféu Turista na Ilha de Man)?
Sim, embora nunca tenha estado lá. O TT é uma daqueles eventos que eu sempre quis ir e nunca consegui. Chegamos muito perto nesse ano patrocinando Peter Hickman e disse para mim mesmo que isso precisava ser feito. Aí acabou não acontecendo, mas pretendo estar lá no próximo ano! O Classic TT também, há algumas máquinas geniais por lá.
Alguns anos atrás eu fui juiz para uma classe de aviação no Festival de Goodwood e foi ótimo, apenas por conseguir passear um pouco e conversar com todos. O motociclismo tem esse tipo de ambiente que propicia você fazer isso. Acho que de certa forma é um pouco como o Iron Maiden: você pode nos ouvir e, em seguida arranjar um violão, formar uma banda e tocar!