O motociclismo de alto nível viu nascer um novo grupo em 2015. O seleto clube das motos com mais de 200 cv. São elas, Aprilia RSV4, BMW S 1000 RR, Ducati 1299 Panigale, Yamaha YZF-R1 e Kawasaki H2. Confira aqui como foi possível chegar a tanta potência.
Até alguns (poucos) anos atrás, ter uma motocicleta de rua com mais de 200 cv era algo impensável. Apenas as máquinas de competição chegavam a esse número mágico. No entanto, os lançamentos para 2015 agitaram o mercado das superbikes como há muito tempo não se via.
A grande pergunta que se faz é: não é perigoso colocar mais de 200 cv em uma moto que será utilizada por pessoas comuns, sem curso de pilotagem? A resposta é: não mais. Graças a avançados sistemas eletrônicos (também vindos das pistas), tornou-se possível controlar tamanha cavalaria sem possuir dons sobrenaturais.
Talvez o grande avanço da engenharia mecânica nessa década sejam as novas formas de gerenciamento de motor. A criação da centralina IMU (inertial measurement unit ou unidade de medição inercial) tornou possível controlar todos os seus parâmetros com grande precisão.
É por isso que agora vemos o mesmo propulsor equipando diferentes modelos, apenas ajustando esses parâmetros. Também foi desse modo que uma moto de 200 cv pode ser controlada por um usuário comum sem perder seu lado mais selvagem com quem tem capacidade para domá-la. Vejamos então quais são essas feras bestiais disponíveis no mercado.
Aprilia RSV4 RR
- 4 cilindros em V, inclinados à 65º
- 999 cm³
- 201 CV a 13.000 rpm
- 199 kg
Desconhecida no Brasil, mas aclamada na Europa, a Aprilia RSV4 RR é a esportiva definitiva da marca italiana, resultado da bem sucedida participação deles no World Superbike, campeões com Max Biaggi em 2010 e 2012. Em sua versão 2015, a moto está mais picante do que nunca.
O motor de 4 cilindros em V, inclinados à 65 graus não teve a base alterada, mas a potência cresceu 16 cv em relação à versão anterior, graças à extensas modificações internas. Eles mudaram muitas das suas peças para reduzir o atrito interno, melhorar a combustão e dinâmica de fluidos.
As válvulas de titânio são maiores para atingir uma maior capacidade de giro. O sistema de lubrificação também foi melhorado, assim como a refrigeração, a eletrônica e o novo sistema de escapamento. Segundo os resultados, a potência é 201 cv a 13.000 rpm.
São duas versões, RR e RF. Ambas emagreceram 1,5 kg. O braço oscilante foi alongado 14 milímetros para melhorar a tração. Na RR, as suspensões são da marca Sachs, totalmente reguláveis enquanto a mais exclusiva RF (com apenas 500 unidades numeradas) vem com Öhlins. Essa belezinha tem o preço em torno de € 20.000, 25.000 e não há planos de chegada oficial ao Brasil.
BMW S 1000 RR
- 4 cilindros em linha
- 999 cm³
- 199 CV a 13.500 rpm
- 204 kg
A BMW S 1000 RR evoluiu tanto que se tornou o padrão de moto super esportiva do momento. Tanto que a versão 2015 recebeu apenas pequenas otimizações, na geometria, novos eixos de comando e válvulas mais leves. Os cilindros são polidos para reduzir o atrito e o sistema de escape foi renovado.
Como sempre, o sistema eletrônico de uma BMW é um verdadeiro primor. A S 1000 RR vem com três modos de pilotagem, Rain, Sport e Race. Opcionalmente, pode-se desbloquear o “Pro”, que inclui “Slick” e “User” onde o proprietário grava uma configuração customizada. Ainda tem controle de largada e limitador de pit-lane para track days.
Na parte ciclística, a marca da hélice fez pequenos ajustes no quadro de dupla trave de alumínio. A distância entre – eixos aumentou 3 milímetros e o comprimento das suspensões agora é igual ao da HP4. Enquanto isso, o Controle Dinâmico de Suspensão (DDC) recebeu sua mais recente evolução. São três modos padrão: Road, Dynamic e Track, além do User. Essa você pode comprar por R$ 75.900 (vermelha e preta) e 78.400 (tricolor).
Ducati 1299 Panigale
- 2 cilindros en V a 90º
- 1285 cm³
- 205 CV a 10.750 rpm
- 191 kg
A Ducati resolveu radicalizar com o lançamento da 1299 Panigale, no último Salão de Milão, em novembro na Itália. O motor “desmodrômico” de dois cilindros em V recebeu profundas reformulações, começando pela capacidade cúbica, que pulou de 1200 para 1285 cm³. Apenas isso aumentou o torque em 10%, gerando 10 cv à mais, totalizando 205 cv à 10.750 rpm.
O novo pistão é enorme, com 116 milímetros, um recorde na categoria. Também aumentou-se a compressão, mudaram bielas, virabrequim e o motor foi inclinado em 21 graus para trás para uma melhor distribuição de peso.
A centralina de gerenciamento é tão avançada que é capaz de enviar informações em 3D para todas as ajudas eletrônicas. São três versões, Standard, S e R, que usam o mesmo chassi de treliça, embora a R, (que é tomada como base para homologação no World Superbike) use uma balança monobraço com pivô ajustável que as outras não têm. As suspensões Öhlins são totalmente reguláveis, mas na R o controle é manual enquanto na S é semi ativo inteligente.
Colocada na pista de Mugello, na Itália para comparações, a Ducati 1299 Panigale conseguiu a proeza de ser apenas quatro segundos mais lenta que o recorde da pista de Nicky Hayden de 2013. Os preços no Brasil ainda não foram divulgados.
Kawasaki H2
- 4 cilindros em linha
- 998 cm³
- 200 CV a 11.000 rpm
- 238 kg
Tendo a ZX10-R muito bem cotada nas pistas, a Kawasaki só tinha um objetivo em mente ao desenvolver a H2/H2R: fazer a esportiva de rua mais insana de seu tempo. Assim sendo, o que poderia ser mais louco do que colocar um turbocompressor volumétrico na moto?
Impulsionado por uma corrente que gira a 13.000 rpm, a turbina da H2 gera 1,4 bar de pressão extra, fazendo a moto chegar a exuberantes 200 cv. E isso é só metade do que o propulsor pode fazer. Na H2R, de uso exclusivo em circuitos, a potência chega a estonteantes 300 cv.
Ciclísticamente, a H2 utiliza um quadro de treliça de aço, o que não é muito usual em motos desse tipo, devido à sua tendência maior à torção. Entretanto, a balança monobraço e as rodas são de alumínio. Para segurar esse rojão, há dois discos de freio Brembo 330 milímetros de diâmetro na dianteira. As suspensões são da KYB, modelo AOS-II, fazendo sua estreia em motos de produção.
Uma eventual importação ao Brasil ainda não foi divulgada, mas não se anime muito: na Europa, a versão normal custa cerca de € 29.000 e a ‘R’, que não pode ser emplacada, “módicos” € 50.000!
Yamaha YZF-R1
- 4 cilindros em linha
- 998 cm³
- 200 CV a 13.500 rpm
- 199 kg
A Yamaha reformulou completamente a sua icônica esportiva YZF-R1 para 2015. O objetivo é preparar a máquina no retorno da marca ao World Superbike no próximo ano e também recuperar hegemonia perdida para as rivais. Para tanto, o motor com virabrequim “crossplane”, tem pistões de maior diâmetro, bielas de titânio, cabeçote com válvulas maiores e uma taxa de compressão aumentada para 13,0: 1.
Além de ter trabalhado a “musculatura”, a R1 também tratou de emagrecer. A moto possui quadro em dupla trave de alumínio, o mesmo material utilizado na balança. Para controlar o que seria uma fúria indomável, a Yamaha caprichou no gerenciamento eletrônico. São diversos mapas de motor, de controle de tração e de suspensões de ajuste eletrônico, que possibilitam regulagens e personalizações quase infinitas.
Como uma cereja no bolo, eles fizeram uma versão ainda mais exclusiva, YZF-R1 M. Essa série possui uma suspensão ainda mais sofisticada da Öhlins (a standard é Kayaba) e um gerenciamento eletrônico ainda mais aprimorado, que pode ser configurado pelo seu smartphone. A Yamaha informou que a nova R1 deve chegar ao Brasil ainda esse mês, mas preços ainda não foram divulgados.