Em termos técnicos, a MotoGP vive uma era de igualdade de condições nunca antes vista. Bom para as corridas e bom para o público. Mas há quem não goste, como Pecco Bagnaia. Recentemente, o italiano confessou que queria de volta uma maior distância entre as motos.
Bagnaia (Ducati) argumenta que, no estado atual das corridas, todos os pilotos estão correndo no limite o tempo inteiro, o que cria situações perigosas. O campeão, por exemplo colidiu com Maverick Viñales (Aprilia) durante o GP da França, no último domingo (14).
“Atualmente todos podem ganhar, já não há aqueles 6 ou 7 décimos de diferença que existiam antes entre as motos de fábrica e as motos satélite, serviam para limitar os acidentes”, argumenta Bagnaia. “Agora o nível é extremo, tudo é levado ao limite e tentar algo além disso pode acabar mal.“
“Com certeza o ritmo de corrida no domingo, tirando o de [Marco] Bezzecchi, não era muito rápido, então o grupo ficou muito fechado. Do meu ponto de vista, porém, teria que voltar ao ponto em que há uma pequena diferença entre as motos de fábrica e as satélites, ou encontrar outra solução para evitar certas coisas.“
O atual campeão do mundo continua: “Estamos há dois anos tentando vencer na primeira volta, inclusive quem não não têm este potencial, tenta ultrapassar seis pilotos numa volta. Não funciona assim e seria melhor pensar em mudar a situação porque isso não é seguro”.
Outro exemplo que deu foi o surpreendente quarto lugar alcançado por Augusto Fernández (GasGas) no domingo. “Fernández terminou em quarto no domingo. Ele é um campeão mundial, mas esta é sua temporada de estreia na MotoGP”, disse Bagnaia.
É uma opinião polêmica, já que o que os organizadores de corridas mais querem é justamente nivelar ao máximo a competição para que piloto se sobressaia. Hervé Poncharal, chefe da GasGas e líder da associação das equipes (IRTA), por exemplo, não concorda em nada com Bagnaia.
“Fiquei surpreso ao ler essas declarações dele”, disse Poncharal no Paddock GP. “Ele é um piloto que admiro e respeito muito, mas acho besteira o que ele falou. Como qualquer outro, ele veio do Moto3, passou pelo Moto2 e chegou à MotoGP numa equipe satélite, e ficou contente por ter uma moto com prestações muito boas que lhe permitiu ganhar notoriedade.“
“É fabuloso ver tanta igualdade e que haja um único ponto de diferença entre Bagnaia e Bezzecchi, um de equipe privada e outro com moto oficial“, continuou Poncharal. “É bom para todos, é ótimo para o esporte e para as equipes privadas nos permite conseguir patrocinadores, porque dizemos a eles que estamos aqui não só para preencher o grid, mas também para obter bons resultados e aspirar ao título.“