Falamos sobre o declínio da Harley-Davidson nos últimos 10 anos. Mas, como está a sua rival histórica, Indian? Eles também vêm de dois anos consecutivos de quedas nas vendas, mas as circunstâncias são bem diferentes. Entenda aqui.
Para entendermos o atual contexto da Indian, precisamos rever rapidamente sua história. A empresa foi fundada em 1897 pelo ex-campeão de corridas de bicicleta George M. Hendee. Essas bicicletas foram batizadas como Silver King, Silver Queen e American Indian, nome que foi abreviado para “Indian”.
Por volta de 1900, Hendee resolveu construir bicicletas a motor, negócio que não demorou a florescer. No final de 1901, uma fábrica foi instalada no centro de Springfield, Massachusetts, e a primeira motocicleta com o nome Indian foi vendida em 1902.
Com fama de potente e confiável, as motocicletas forjaram sua reputação nas pistas de corrida e ao longo da década de 1910, a Indian tornou-se o maior fabricante de duas rodas do ocidente. No seu auge, na década de 1920, chegou a produzir 50.000 unidades por ano.
No entanto, tudo o que sobe desce e, após a quebra da bolsa de valores em 1929, a Indian começou a entrar em dificuldades financeiras e sofrer com a concorrência liderada pela Harley-Davidson. A empresa encerrou oficialmente as operações em 1953.
Nos 50 anos seguintes, os direitos do nome Indian Motorcycle passaram por diversos proprietários e vários empresários falharam na ressurreição da gloriosa marca. Até que em 2011, apareceu a Polaris, um conglomerado automotivo fabricante de quadriciclos e snowmobiles de Minessota.
Eles compraram os direitos e desde 2013 comercializam diversas motocicletas que carregam o DNA da Indian Motorcycle original. Eles também tem uma linha de acessórios, como jaquetas e coletes, de modo que você pode exibir o seu amor pela marca da cabeça aos pés.
E quer saber? Tem sido um verdadeiro sucesso. Com uma linha pequena, mas focada nos grandes clássicos da Indian, como Scout e Chief, seu melhor ano foi em 2021 com mais de 36.634 unidades vendidas, motivo de orgulho para as indústrias Polaris.
Mas o crescimento estancou em 2022, quando as vendas caíram para 30.752 (-16,2%) e em 2023 novamente para 30.000 (-7%), supostamente por problemas de produção, restrições na cadeia de abastecimento e uma concorrência agressiva, liderada pela… Royal Enfield.
Perceba que a Indian vende uma fração da Harley-Davidson (168.050 unidades em 2023). E é aí que mora a diferença entre as duas empresas atualmente. Enquanto que para a Polaris a Indian é apenas um nicho do mercado de motos, para a Harley é 100% do que pode oferecer.
A Polaris pode encarar com mais tranquilidade o período de instabilidade do segmento custom, pois não é o seu ganha-pão principal. Por outro lado, para a Harley, é uma questão de sobrevivência, já que é o único nicho de mercado que atua e que alimentou nos últimos 70 anos.
Mas o que é apenas um segmento para as japonesas (e também para a Polaris) significa todo o lineup da Harley-Davidson, o subdividiu em outros micro grupos. Como se desvincular dessa teia de aranha tecida por ela própria é o que deve está nas mentes dos seus gerentes nesse momento.