Está sem grana para comprar a moto dos sonhos, mas não quer ser mais um na multidão? Não se desespere. Hoje te apresentamos dez sugestões de modelos usados que se pode comprar até por volta dos 15 mil reais.
Com a atual crise, comprar uma motocicleta pode ser uma tarefa muito complexa. Além dos habituais cuidados necessários com qualquer coisa de segunda mão pairam dúvidas sobre qual modelo optar, um julgamento puramente subjetivo.
Comprar uma motocicleta é como comprar roupas. Você precisa levar para casa o modelo que se encaixa com sua personalidade, com seu estilo, com o que você procura em um veículo. Por isso nessa seleção, tentamos fugir um pouco do senso comum.
Apresentamos dez sugestões, de variados estilos: superbike, naked, trail, big trail e custom. Algumas são opções bem vívidas na mente de todos. Outras não são as mais lembradas, nem mais lógicas ou com o melhor custo/benefício mas todas, sem exceção, são muito boas.
Kawasaki Ninja 250
A pequena “Ninjinha” causou furor quando chegou ao Brasil nacionalizada pela Kawasaki em 2009. A primeira versão de 250 cilindradas ainda é visualmente parecida com as novas 300cc e está com um preço muito convidativo, como reparamos em uma rápida pesquisa.
Com um moderno motor de dois cilindros paralelos, capaz de gerar 33 cv à 9.500 rpm, a Ninja 250 é como suas irmãs maiores: gosta de acelerar. Seu comportamento em baixa velocidade é um pouco preguiçoso, mas é só torcer o punho que ela se anima e a pilotagem fica muito divertida.
Ainda conta ao seu favor o excelente acabamento da Kawasaki: manetes, espelhos, assento e pintura são muito melhores do que em uma moto popular. Sem dúvida, uma excelente opção para se destacar no trânsito, mas lembre-se: sua ergonomia é de superbike. Não espere muito conforto ou praticidade.
Pontos positivos
- Visual moderno
- Concepção moderna
- Disposição para acelerar
Pontos negativos
- Pouca praticidade
- Conforto limitado
- Pesada em manobras fechadas
Honda CB 500 (1997-2005)
A CB 500 foi a grande moto da garotada antes do surgimento da Hornet. Em uma época em que a variedade de modelos disponíveis no Brasil era bem menor, a popular “cêbezona” oferecia boas doses de adrenalina com seu oxigenado motor de dois cilindros, capaz de render 54 cv à 9.500 rpm. Dava canseira em muita moto maior.
O visual e a engenharia já estão bastante datados, mas a CB500 possui componentes ciclísticos de boa qualidade, como suspensões Showa e freios Brembo. São duas válvulas por cilindro, radiador de óleo e câmbio com seis marchas.
Como em toda Honda nacional, a oferta de peças é boa e sua mecânica, bem conhecida. Se você quer uma moto forte para enfrentar o trânsito do dia a dia e ainda pegar uma estradinha no final de semana, eis uma bela opção.
Pontos positivos
- Bom desempenho
- Fartura de peças
- Facilidade mecânica
Pontos negativos
- Visual antiquado
- Ciclística ultrapassada
- Ausência de um marcador de combustível
Kawasaki Vulcan 750
Com esforço e alguma sorte você pode descolar uma Kawasaki Vulcan 750. Importada, a custom era (ao lado da esportiva ZX-7) a principal moto da marca verde em sua primeira – e tímida – passagem pelo Brasil nos anos 90.
Com um motor de 2 cilindros em V, oito válvulas e refrigeração líquida, a Vulcan rendia excelentes 66 cv, potência de sobra para longas viagens, com muita bagagem. A custom ainda tinha avanços raros até nas motos atuais, como transmissão por cardã, que dispensa a corrente, reduzindo a manutenção.
Se você pretende pegar a estrada e se filiar à um moto clube, a Vulcan 750 pode ser o seu passaporte, sua boa fama ainda ecoa entre os estradeiros mais experientes. O maior problema da moto é a raridade e o preço de suas peças. Também, não é qualquer mecânico que sabe mexer nela.
Pontos positivos
- Bom desempenho
- Visual impactante
- Eixo cardã
Pontos negativos
- Raridade e preço das peças
- Mecânica pouco conhecida
- Baixa autonomia (por volta dos 160 km) e consumo elevado
Yamaha XV 250 Virago
Se a Vulcan é grande e cara demais para suas pretensões, a ‘Viraguinho’ pode ser sua resposta. Igualmente bem aceita, essa Yamaha foi a porta de entrada de muita gente no fascinante universo “custom”, oferecendo quase a mesma presença de suas irmãs maiores, mas com um custo-benefício bem em conta.
Seu motor tem 2 cilindros em V de concepção simples, que gera 21 cv à 5.500 rpm. Não parece muito, mas é possível viajar tranquilamente à 120 Km/h se aguentar a vibração, que é intensa. O ronco grave e compassado é imponente e ganha vida com uma ponteira mais esportiva.
O padrão de qualidade é bom (muito superior à qualquer custom chinesa) e as peças são fáceis de achar a um preço decente. Seu chassi chopper permite infindáveis personalizações. O valor de mercado é extremamente estável e muda pouco, tornando-a uma excelente opção de compra e venda.
Pontos Positivos
- Estilo
- Confiabilidade
- Estabilidade no preço
Pontos negativos
- Vibração intensa em altas rotações
- Suspensão rígida (dói as costas em percursos longos)
- Freios (principalmente o traseiro)
Suzuki DR 800 S
No início dos anos 90, big trails com visual “desértico” (inspiradas no Rali Dakar) estavam na moda. Modelos como Honda NX 350 Sahara e XT 600 Ténéré dominavam a cena, mas a Suzuki também tinha um público fiel com a DR 800S.
Com um robusto motor monocilíndrico de 779cc, refrigerado a ar, a moto é extremamente confiável e apta para dar a volta ao mundo, exatamente como uma BMW GS da atualidade. Suas linhas até lembram a icônica moto alemã, levando-se em conta a idade do projeto, é claro.
Ainda é possível achar algumas DR 800S por preços convidativos e donos zelosos, que te contarão mil e uma histórias com ela. Se você planeja pegar a estrada, essa velha “Suzukona” é uma bela opção.
Pontos Positivos
- Confiabilidade
- Ergonomia
- Fácil manutenção
Pontos negativos
- Quinta marcha curta
- Alta e pesada (dificulta em manobras fechadas)
- Farol de baixo alcance
Kawasaki D-Tracker 250 X
Quando veio ao Brasil para ficar no final de 2009, a Kawasaki tinha intenção de se popularizar também entre as motos de baixa cilindrada. Além de trazer a Ninja 250, a montadora de Arashi trouxe a D-Tracker 250X.
Era um trail de verdade, mas com um estilo totalmente supermoto/motard, semelhante ao que a Yamaha já fazia com a XTZ 250X. Não é a toa que ambas logo foram chamadas para diversos comparativos, com a Kawasaki vencendo vários deles.
Não é para menos. a D-Tracker possuía chassis, suspensão e freios superiores, painel inteiramente digital, boa ergonomia e câmbio de seis marchas. O motor rende 22 cv à 7.500 rpm com um torque de 2,1 mkgf à 7.000 rotações, mais do que suficiente para uma tocada extremamente divertida na cidade.
Apesar de tantos predicados, a moto inexplicavelmente deixou o mercado nacional em menos de um ano. No exterior, no entanto, a moto continua sendo fabricada. Se você curte esse estilo de trail, com rodas de “street”, eis uma grande oportunidade de conseguir algo bom, recente e com um preço convidativo.
Pontos positivos
- Projeto moderno
- Bom desempenho
- Acabamento
Pontos negativos
- Saiu de linha
- Assento duro
- Tanque pequeno (apenas 7,7 litros e sem marcador de combustível)
Suzuki Bandit 600N
A Suzuki foi uma das primeiras marcas a acreditar no – hoje popularíssimo – estilo naked, ainda na década de 90 e foi uma das primeiras a trazer um modelo nacionalizado para o Brasil, a Bandit 600N. Com um visual muito parecido com as primeiras Hornet, a ‘Banditona’ oferece muito ao seu proprietário, principalmente a alegria sem igual dos motores de quatro cilindros em linha.
Trata-se de um largo e chamativo engenho de 599 cm³ refrigerado a ar, capaz de render 78 cv (praticamente o mesmo que uma XJ6) e um torque de 5.50 kgf.m à 9.500 rpm. Com quatro carburadores Keihin CVR32, o ronco que produz é um urro avelulado, uma verdadeira sinfonia, comparável ao das antigas “sete galo”.
Embora o chassi já esteja largamente superado (quadro em berço duplo de aço), a ciclística é correta e mais do que suficiente para uma tocada moderada. A ergonomia, por outro lado é muito amigável, uma das melhores que se pode encontrar no gênero. O modelo ainda é base para as Bandit atuais de 650cc, refrigeração líquida e injeção eletrônica.
Pontos positivos
- Motor de quatro cilindros, forte e robusto
- Custo/benefício
- Ergonomia
Pontos negativos
- Visual datado e mecânica antiga
- Utiliza 4 carburadores (aumenta o consumo quando mal regulados)
- Refrigeração a ar
Honda VT 600 C Shadow
Relutamos em colocar modelos da Honda porque a marca japonesa, com sua longa história e número de concessionárias não é exatamente um sinônimo de “distinção” nas ruas brasileiras. Entretanto, a Shadow 600 é uma moto boa demais para ficar de fora.
Assim como a Vulcan 750, a Shadow 600 também oferece muito pelo preço. Embora a potência seja bem menor (39 cv, carburação dupla até 2003) a custom da Honda tem um consumo mais camarada (por volta dos 20 km/l, rodando a 80 km/h), uma mecânica conhecida e peças mais acessíveis.
O seu chassi extremamente bem resolvido tem um a ótima ergonomia e também permite infindáveis modificações. Apesar de ser uma moto muito confiável, a pouca altura do solo e a dureza das suspensões exigem estradas de asfalto lisinhas. Fora desse território, a Shadow pede moderação.
Pontos positivos
- Design
- Motor
- Custo-Benefício
Pontos negativos
- Assento e suspensões duras
- Pouca distância em relação ao solo (pode bater o cárter em lombadas)
- Ausência de marcador de combustível
Yamaha MT-03 (2008)
Eis uma das motos mais injustiçadas que já passaram pelo mercado nacional. Concebida em 2006 e trazida ao Brasil em 2008, a Yamaha MT-03 combinava a presença de uma naked futurista com a mecânica de uma trilheira, utilizando o confiável motor da XT 660R.
Graças à essa combinação inusitada, a MT-03 permite viagens em altas velocidades de cruzeiro sem maltratar o piloto, graças à sua excelente posição de pilotagem. Com um visual ainda muito moderno e componentes de alta qualidade (freios Brembo, amortecedor Sachs e balança de alumínio), a moto é incrivelmente barata para uma “seiscentas” desse quilate e tão recente.
Uma das causas do seu fracasso talvez tenha sido a conhecida má vontade do consumidor brasileiro com motos que não sejam de quatro cilindros. Um tabu que está começando a ser quebrado apenas agora com suas irmãs mais novas, MT-07 e MT-09. Aqui você tem a chance de adquirir uma moto que pode ser precursora de uma era.
Pontos positivos
- Design moderno e agressivo
- Ergonomia
- Acabamento
- Torque
Pontos negativos
- Vibrações intensas (motor monocilíndrico)
- Tocada áspera
- Falta de fôlego em altos giros
Yamaha RD 350R (1991-1993)
Essa opção deixamos para o final, reservada àqueles que utilizam moto apenas nos finais de semana e/ou sem pretensões diárias. A RD 350R não é confortável, não é econômica, não é segura e não é nova… mas é um mito!
Herdeira de um rico e longo legado nas pistas, a série RD (que significa Race Development) foi, por muitos anos, o máximo em esportividade na Yamaha, principalmente graças à suas irmãs maiores, que não vieram ao Brasil.
Foram três décadas de uma história complexa, por isso nos limitamos a citar apenas a última safra, de 1991 à 1993, inspirada na série FZR. Ainda é possível achar modelos em ótimo estado, mas como trata-se de uma nova “colecionável”, os preços estão subindo rapidamente.
O motor é um bicilíndrico paralelo, que rende 55 cv. É um número que já não impressiona como na época, mas o propulsor da RD350R tem uma configuração muito especial: 2 tempos com “YPVS”, um sistema único da Yamaha na qual uma válvula se abre nos estágios do escapamento liberando mais potência e possibilitando “zueira sem limites”.
Com uma boa penetração aerodinâmica, pneus finos, grande potência e baixo peso, a RD 350R ainda faz bonito em rachas urbanos, onde a relação peso/potência conta muito. Mas cuidado: sua ciclística é dos anos 70 e pilotando no limite a moto torna-se traiçoeira. Não é a toa que seu apelido é “Viúva Negra”.
Pontos positivos
- Status de clássica
- Motor 2 tempos
- Mecânica comprovada e conhecida
Pontos negativos
- Raridade (é difícil achar uma inteira)
- Consumo elevado
- Perigosa no limite (tendência a chicotear)