Morreu hoje (10) aos 83 anos de idade o ex-piloto John Surtees. Além de ter sido um dos maiores ases que o motociclismo já viu, o britânico também entrou para a história ao ser (até hoje) o único piloto a ser campeão tanto nas motos quanto na Fórmula 1.
Surtees estava internado em um hospital de Londres desde fevereiro com problemas respiratórios graves. Mesmo após um breve período de cuidados intensivos acabou não resistindo e faleceu com sua esposa Jane e as filhas Leonora e Edwina ao seu lado. Elas emitiram a seguinte declaração:
“Lamentamos profundamente a perda de um homem tão incrível, amável e amoroso, assim como comemoramos sua vida maravilhosa. Ele estabeleceu um exemplo muito real de alguém que esforça-se continuamente ao máximo e que continuou lutando até o fim. Gostaríamos de agradecer a todos os funcionários do St George’s Hospital e do East Surrey Hospital pelo seu profissionalismo e apoio durante este momento difícil para nós. Obrigado também a todos aqueles que enviaram suas amáveis mensagens nas últimas semanas.”
De duas para quatro rodas com igual sucesso
Nascido em Tatsfield, pequena vila no condado de Surrey, Inglaterra, em 11 de fevereiro de 1934, John Surtees era filho de um comerciante de motocicletas e venceu a primeira corrida que disputou, com um modelo Vincent que pertencia à seu pai. Mais tarde, a direção de prova o desclassificou quando descobriram que tinha apenas 15 anos de idade.
Surtees começou a ganhar notoriedade em 1951, quando envolveu-se em grandes disputas com o lendário Geoff Duke. Em 1955 ganhou o Ulster Grand Prix passando a ser um dos mais velozes e proeminentes pilotos da Grã-Bretanha do pós-guerra. Nos anos seguintes, venceria nada menos do que sete títulos mundiais: 1958, 1959 e 1960 nas 350cc e 1956 1958, 1959 e 1960 nas 500cc (hoje MotoGP), além de 38 vitórias em apenas 49 corridas.
Em 1960, Surtees estava no auge da fama quando resolveu abandonar o motociclismo para começar do zero uma nova carreira no automobilismo, migrando para a Fórmula 1. E, competindo com quatro rodas o sucesso continuou, conquistando o título mundial de 1964 pela Ferrari, derrotando nomes lendários do esporte na época, como Jim Clark e Graham Hill.
Embora não tenha conseguido repetir a façanha nos anos seguintes, Surtees continuou a ser um dos pilotos mais importantes da Fórmula 1, se tornando o primeiro a vencer uma corrida pela Honda na categoria, o acirrado GP da Itália de 1967.
Surtees continuou a competir como piloto até o início dos anos 70 através de sua própria equipe, a Surtees Grand Prix. Com essa escuderia, foi um dos primeiros a promover o talento do piloto brasileiro José Carlos Pace, que hoje batiza o autódromo de Interlagos. Também nessa época empregaria outra lenda do motociclismo que havia migrado para a Fórmula 1: Mike Hailwood.
Aposentado desde os anos 80, Surtees tem sido uma alegre presença em eventos comemorativos, sendo um dos poucos a caminhar com igual respeito e desenvoltura tanto no motociclismo quanto no automobilismo. Vários outros pilotos tentaram repetir seus feitos, mas nenhum conseguiu o mesmo nível de sucesso.
Em 2003 recebeu o status de “Lenda” pela Federação Internacional de Motociclismo (FIM). Cinco anos depois, foi condecorado com o título de “Oficial da Ordem do Império Britânico” e, no final da última década, estava empenhado a ajudar a carreira do filho Henry, que faleceu em um acidente em 2009.
Seu último legado acabou sendo o de ativista de caridade. Graças ao acidente do filho, criou a “Henry Surtees Foundation”, que trabalhava com pessoas com lesões de acidentes ajudando-as a desenvolver suas capacidades.