Morreu nessa quinta-feira (3) Angel Nieto, em consequência de um grave acidente de quadriciclo, em Ibiza, na semana passada. O espanhol encontrava-se na UTI de um hospital local com massivas lesões cerebrais e não resistiu aos ferimentos. O piloto de 70 anos conquistou 13 títulos mundiais e foi um dos melhores pilotos de todos os tempos.
Nieto foi atingido por um carro conduzido por uma mulher de origem alemã enquanto pilotava seu quadriciclo em um cruzamento de Ibiza, onde residia, na quinta-feira passada (26). O espanhol, que não estava usando capacete teve severas lesões na cabeça, mas foi removido com vida à Policlínica Nuestra Señora del Rosario.
Apesar da gravidade das lesões, Nieto vinha respondendo bem ao tratamento e os médicos chegaram a fazer planos para o seu despertar nos próximos dias. Contudo, a situação mudou completamente na madrugada de hoje, quando o piloto precisou passar por uma cirurgia de emergência para a retirada de um fragmento de osso do crânio.
A gravidade da situação ficou evidenciada na atitude de seu filho Pablo Nieto, que deveria ter voado à República Checa para realizar uma entrevista coletiva ao lado do chefe da Dorna, Carmelo Ezpeleta ainda hoje. Mas, com a piora do estado de seu pai, esses planos foram cancelados, com o piloto vindo a falecer no início dessa noite na Espanha.
Com 13 títulos Mundiais (12+1, como gostava de falar), 139 pódios, 90 vitórias, 34 poles e 81 voltas mais rápidas, Angel Nieto é um dos maiores pilotos da história do motociclismo, ficando atrás apenas de Giacomo Agostini e Valentino Rossi nos números do campeonato mundial. Entretanto, sempre ficou entre as categorias de menor cilindrada, como as 80cc, 125cc e 250cc.
Eterno supersticioso “12+1”
Nascido em 25 de janeiro de 1947 na cidade de Zamora, na Espanha, Ángel Nieto Roldán se especializou na pilotagem de motocicletas de baixa cilindrada. O espanhol ganhou incontáveis títulos nacionais antes de estrear no campeonato mundial em 1964, na classe de 50cc.
O primeiro título veio em 1969, ainda pelas 50cc com duas vitórias. O espanhol repetiu a dose no ano seguinte, 1970, quando também passou a disputar as 125cc. Nieto também logo seria campeão nessa categoria, em 1971.
Em 1972, Nieto conseguiu vencer pelas 50cc e 125cc no mesmo ano, proeza que poucos pilotos conseguiram realizar até hoje. Outros títulos vieram em 1975, 1976, 1977, 1979 e 1980, antes de subir para as 250cc em 1981.
Na classe de um quarto de litro, no entanto, Nieto não obteve o mesmo sucesso, não conquistando nenhuma vitória. O piloto, então decidiu voltar à se concentrar nas 125cc, onde seria campeão em 1982, 1983 e 1984, antes de se retirar definitivamente em 1986 aos 39 anos.
Nieto se afastou das pistas, mas não do motociclismo, onde permaneceu sempre muito próximo do pessoal da MotoGP. O espanhol chegou a ser dono de equipe gerenciando a carreira de seu filho, Angel Nieto Jr e também de Emilio Alzamora, hoje um dos principais membros da Repsol Honda.
Carismático e supersticioso Nieto costumava dizer que não tinha 13 títulos e sim “12+1”, expressão que se tornou uma de suas marcas registradas. Alegre e acessível, o espanhol era muito procurado no paddock, inclusive pelos pilotos da atualidade, que viravam verdadeiras tietes ao seu lado.
Um dos maiores exemplos disso aconteceu no Grande Prêmio da França de 2008, quando Valentino Rossi superou suas 90 vitórias. Além de vestir uma camiseta especial de comemoração, o espanhol pilotou a Yamaha M1 junto do italiano pelo circuito de Le Mans.
Nieto teve duas mulheres: Pepa Aguilar, com quem se casou em 1975 e teve dois filhos: Ángel Nieto Jr (40) e Pablo (37), antes de relacionamento terminar na década de 1990. No entanto, em 2000, o espanhol se casou novamente com Belinda Alonso, com quem teve mais um filho, Hugo (16).
Nos últimos anos, Nieto vinha trabalhando como comentarista de um canal de TV espanhol e gerenciava a “GP Rooms”, empresa que oferece pequenos cômodos à pilotos que desejam permanecer nos circuitos sem precisar se deslocar à hotéis. O espanhol também era membro da Sky VR46 Team, equipe de Rossi na Moto3.
A morte de Nieto é mais uma notícia triste em um ano já marcado por diversas tragédias. Em março, o lendário John Surtees nos deixou aos 83 anos. Em maio, o campeão de 2006 Nicky Hayden também morreu inesperadamente após ser atropelado enquanto andava de bicicleta na Itália. Além deles, Max Biaggi e Carl Fogarty também sofreram fortes acidentes.
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