Morreu hoje (22), aos 35 anos, Nicky Hayden, campeão mundial de MotoGP em 2006. O piloto norte-americano, que vinha correndo, desde o ano passado, no Mundial de Superbike foi atropelado na quarta-feira passada (17) quando andava de bicicleta na Itália, vindo a falecer devido à massivas lesões cerebrais e torácicas.
Hayden estava pedalando próximo à cidade de Riccione, na região de Rimini, quando foi atingido de frente por um Peugeot 206 CC, que perdeu o controle e invadiu a pista contrária por motivos ainda desconhecidos.
Com o impacto, Hayden voou sobre o para-brisa do carro vindo a cair no acostamento. A força do impacto foi tamanha, que partiu sua bicicleta ao meio. De acordo com declarações do motorista de 30 anos, que passou no teste de bafômetro, o norte-americano teria não respeitado o sinal vermelho em um cruzamento atravessando-se na frente do carro.
O atendimento não demorou a ser feito e Hayden foi transferido de ambulância para o hospital Infermi, onde se constatou fortes traumatismos cranianos e torácicos. Devido à gravidade das lesões, o piloto foi transferido para outro hospital melhor equipado em Cesena, mas não resistiu aos ferimentos. Sua namorada, Jackie Marin e família estavam ao seu lado.
De Owensboro à MotoGP
Nascido em Owensboro, no Kentucky em 30 de julho de 1981, Nicky Hayden vinha de uma família de motociclistas, já que o pai Earl, os irmãos Tommy e Roger Lee, assim como sua mãe Rose, todos também são exímios pilotos de Dirty Track.
E foi nas pistas ovais de terra que Hayden começou a ganhar destaque nas corridas norte-americanas. Utilizando mesmo número #69 com que seu pai corria, o então adolescente conseguia superar adversários muito mais velhos e experientes, mesmo sem sequer conseguir por os pés no chão quando estava sobre a motocicleta.
Esse talento natural logo chamou a atenção das equipes de superbikes. Em 1999, Hayden ingressou no prestigiado “AMA Supersport Championship”, então o principal campeonato dos Estados Unidos. Mesmo ainda dividindo as atenções com o Dirty Track, o norte-americano chegou facilmente ao título pilotando uma Honda particular.
A estreia de Hayden na categoria principal aconteceu em 2001 terminando o ano atrás apenas do campeão Mat Mladin e do vice, Eric Bostrom. A sua vez, no entanto chegaria em 2002, quando tornou-se o mais jovem campeão da história do AMA Superbike Championship. Nesse mesmo ano também venceu a prestigiada “Peoria TT” no Dirty Track, derrotando o tricampeão Chris Carr.
O auge na Repsol Honda
Foram desempenhos excepcionais, que credenciaram Hayden à debutar na MotoGP pela equipe principal da Honda em 2003, ao lado de Valentino Rossi. O seu primeiro pódio veio no Grande Prêmio da Austrália em Phillip Island, a mesma corrida na qual o italiano vencia o seu quinto título mundial.
Com a saída de Rossi para a Yamaha em 2004, Hayden foi promovido ao posto de 1º piloto da Repsol Honda, tendo como companheiro o nosso Alex Barros. O ano, contudo, foi difícil, com ambos os pilotos tendo muitos problemas com a RC211V e ficando bem atrás de Rossi,Sete Gibernau e Max Biaggi. Isso gerou as primeiras críticas, que o acompanhariam por toda a carreira.
Hayden, no entanto respondeu em 2005, com uma campanha bem mais sólida. O norte-americano chegou à sua primeira vitória em casa, no Grande Prêmio dos Estados Unidos, em Laguna Seca e encerrou o ano na terceira posição geral, atrás mais uma vez de Rossi e do italiano Marco Melandri.
Seu melhor ano na MotoGP foi em 2006. Além de ter repetido a vitória em Laguna Seca, Hayden protagonizou, ao lado do conterrâneo Colin Edwards, uma das mais eletrizantes chegadas da história da MotoGP, no Grande Prêmio da Holanda, em Assen. Os dois colidiram na última curva da última volta, mas o piloto da Honda conseguiu se manter em pé e cruzar a linha de chegada em primeiro lugar.
Apesar de ter vencido apenas duas corridas, Hayden chegou à última corrida do ano com chances de ser campeão, graças à performance irregular de Rossi, que abandonou muito mais provas naquele ano. A situação se repetiu na prova espanhola, com o italiano caindo na primeira volta e o norte-americano assegurando o título, com a terceira posição. Esse permanece sendo o último título dos Estados Unidos na MotoGP.
Anos difíceis na Ducati e na Aspar
A partir de 2007, Hayden passou a ser superado – e preterido dentro da Honda – por seu novo companheiro de equipe, Dani Pedrosa. Assim, o norte-americano preferiu mudar-se para a Ducati a partir de 2009, passando a ser companheiro de equipe do australiano Casey Stoner.
Na Ducati, Hayden viveu dias de altos e baixos com a Desmosecidi. Depois da saída de Stoner, no final de 2010, seu companheiro de equipe passou a ser novamente Valentino Rossi entre 2011 e 2012 e Andrea Dovizioso, que chegou ao time italiano em 2013. Seus melhores resultados foram três terceiros lugares.
Sem lugar na Ducati, que preferiu Cal Crutchlow, Hayden precisou pilotar por uma equipe particular, a Aspar, de Jorge Martinez em 2014. Longe das primeiras posições, o piloto preferiu encerrar sua carreira na MotoGP ao término da temporada 2015 e integrar o time oficial da Honda no World Superbike a partir de 2016. Antes de deixar a categoria, no entanto foi condecorado com o status de “Lenda da MotoGP” na última etapa, em Valência.
Curiosamente, o piloto faria ainda mais uma corrida na MotoGP. Aconteceu no Grande Prêmio da Austrália do ano passado, substituindo o lesionado Dani Pedrosa. Competindo pela mesma equipe na qual havia sido campeão, e na mesma pista onde conquistara o primeiro pódio, Hayden liderou um treino livre e teve um desempenho competitivo, até cair próximo do final da corrida.
Vida nova no World Superbike
Correndo pela Ten Kate Honda, uma equipe com apoio oficial, Hayden voltou a seus melhores dias no World Superbike. Apesar de não ter chegado a disputar o título mundial, o piloto esteve sempre nas primeiras posições conquistando uma vitória, na segunda corrida do Grande Prêmio da Malásia, em Sepang. O norte-americano encerrou a temporada na quinta posição.
A expectativa era alta em 2017, já que a Honda havia preparado uma nova CBR1000RR Fireblade, que dava a Hayden esperanças de que pudesse lutar pelo título novamente. No entanto, os primeiros testes indicaram que o modelo estava longe de ser competitivo.
Tanto Hayden quanto seu novo companheiro de equipe Stefan Bradl ocuparam apenas posições intermediárias nas quatro primeiras etapas do ano. Os problemas do norte-americano e da Honda foram acompanhado de perto pelo Notícias Motociclísticas.
Ainda na semana passada, o piloto de 36 anos concedeu uma entrevista onde mostrava grande desapontamento com a falta de performance da CBR. A sua última corrida, foi há duas semanas, justamente em Imola, na Itália, onde abandonou a primeira corrida e chegou em 11º na segunda.