A Harley-Davidson emitiu uma declaração para se posicionar diante das críticas de ser “Woke” que vem sofrendo nos últimos meses. A principal fabricante americana de motocicleta disse que vai mudar de postura de agora em diante.
Para quem ainda não sabe, “Woke” é uma gíria que surgiu entre a extrema direita norte-americana para definir pessoas engajadas em ampliar a consciência social e racial, mais disseminadas entre a extrema esquerda. Não é preciso dizer que os dois lados não se dão muito bem.
Tendo forjado sua reputação como uma empresa nacionalista e conservadora, a Harley-Davidson procurou ampliar os seus horizontes nos últimos anos, criando cursos e atividades sobre temas sociais ou programas de diversidade a seus clientes.
Desde então, a Harley-Davidson recebeu grandes críticas de setores conservadores e dos chamados ativistas “anti-woke”, que querem a saída do CEO Jochen Zeitz, acusado de ser “liberal demais” para liderar a marca. O alemão substituiu Matt Levatich, que introduziu o modelo elétrico LiveWire.
Em seu post no “X” (anteriormente conhecido como Twitter), a Harley-Davidson disse que não existe mais um departamento dentro da empresa que trate da diversidade e inclusão e que os treinamentos e patrocínios estão focados apenas nas atividades relacionadas às motocicletas.
“Continuamos empenhados em ouvir todos os membros da nossa comunidade enquanto continuamos a nossa jornada juntos como uma só Harley-Davidson. Unidos nós andamos“, enunciaram antes de exibir uma página com suas novas medidas.
A Harley-Davidson, assim, se junta a empresas como a Polaris (dona da marca de motocicletas Indian) e a fabricante de tratores John Deere, onde a política também foi ajustada sob pressão de fortes reações nas redes sociais e ameaças de boicotes.
A Harley-Davidson vive o seu momento mais delicado em décadas. Seu público conservador fiel está em declínio (média de idade de 72 anos) ao mesmo tempo em que sua imagem não parece cativar as gerações mais jovens. O resultado é um declínio acentuado de vendas nos últimos dez anos.
A partir desses números é que surgiram as políticas de inclusão de Levatich e Zeitz nos últimos anos, além da fabricação dos primeiros modelos fabricados na China e na Índia. Para conter custos, eles também moveram parte de sua produção americana para a Tailândia.
Naturalmente as organizações que apoiam os temas sociais ou programas de diversidade em questão já disseram estar muito decepcionadas com a decisão da Harley-Davidson. De acordo com uma sondagem do Washington Post em abril deste ano, 61% dos americanos eram a favor das atividades de inclusão, apesar dos protestos ruidosos dos ativistas “anti-woke”.