O Superbike Brasil está desfrutando, esse ano, de uma participação muito especial: Anthony West, 38 anos completados hoje (17) e reconhecido como um dos maiores talentos australianos das últimas duas décadas. Entretanto, sua presença no país é uma espécie de “exílio” devido a uma briga que está tendo contra a Federação Internacional de Motociclismo (FIM).
West foi sancionado em setembro do ano passado, quando um teste antidoping realizado antes da etapa de Misano do Campeonato Mundial de Supersport deu positivo. A análise detectou uma substância “não especificada” de um tipo estimulante que se encontra na Seção 6 da lista de substâncias proibidas pela FIM na competição.
West solicitou uma nova análise coletada no mesmo dia. Entretanto, os resultados foram idênticos, de modo que a suspensão indefinida de sua superlicença como piloto da FIM permaneceu em vigor. O australiano então apelou para os tribunais, pagando advogados do próprio bolso, sem sucesso.
Sem muitas opções, restou à West refugiar-se no Superbike Brasil, campeonato que funciona sem a chancela da FIM. No país, o australiano ganhou o apoio da Kawasaki, venceu algumas corridas e chegou a liderar o certame, posição que perdeu apenas na etapa de Goiânia domingo passado, com a vitória de Eric Granado.
Mas West quase não participou da etapa de Goiânia. Semanas antes, o australiano que fora um piloto regular de MotoGP na década de 2000 surpreendeu a todos nas redes sociais ao anunciar uma inesperada aposentadoria, através de uma declaração em que atacava diretamente a FIM.
“Foda-se FIM, você nunca mais me verá em uma motocicleta na minha vida, você venceu, os cães da FIM são pessoas do nível mais baixo e não deveriam ter nada a ver com esse esporte“, esbravejou. “Eles me pressionaram para me fazer perder meu lugar na Kawasaki aqui no Brasil, a FIM destruiu minha vida muitas vezes e isso me deprimiu a ponto de desejar morrer. Cansei de dessa merda de jogos políticos“, desabafou.
Por fim, West mudou de ideia e decidiu correr em Goiânia. Sua moto, contudo, estava totalmente preta, sem patrocinadores e o piloto competiu com apenas três jogos de pneus usados, além de um conjunto emprestado no primeiro dia para aprender o circuito. Mesmo assim o australiano foi capaz de terminar a corrida em segundo lugar, atrás apenas de Granado.
Após a corrida, West novamente se pronunciou nas redes sociais. O que assusta é o teor das declarações, onde parece flertar com o suicídio: “Eu desisti da minha vida, perdi dinheiro e amizades, arrisquei tudo para dar a volta em círculos”, desabafou. “A Honda gastou muito dinheiro com seus patrocinadores, eu gastei meus últimos dólares, mas não é nada comparado ao que eles gastaram para me vencer, eu devo ser louco“.
Em entrevista ao Speedweek, West revelou mais detalhes sobre o que lhe acontece. “O pessoal da FIM foi até a Kawasaki no Japão fazer com que eu perdesse meu patrocínio“, contou. “É por isso que eu estou pagando para correr do meu próprio bolso, só para dizer ‘fodam-se’. Eles tem tentando me parar desde que eu vim ao Brasil. Eles enviaram cartas para a minha equipe a ameaçaram o campeonato. Mas este campeonato me quer aqui“, acrescentou.
De fato, West fez muitas amizades desde que chegou ao Brasil, onde recebeu o carinhoso apelido de “Gringo”. Entretanto, para conseguir dinheiro e continuar competindo, o piloto de 38 anos está trabalhando como motorista de caminhão nos Estados Unidos há cerca de um mês.
Não é a primeira vez que a FIM pega no pé de um piloto flagrado no teste antidoping. Nos anos 1990 e 2000, o igualmente talentoso australiano Anthony Gobert também fora banido das 500cc, Mundial de Superbike e Campeonato Norte-Americano após testar positivo em várias ocasiões. Será que a história de West terá desfecho semelhante?